China substitui principal negociador comercial em meio a impasse com os EUA.
A China nomeou nesta quarta-feira Li Chenggang como novo vice-ministro do Comércio e principal representante para negociações comerciais internacionais, em meio à escalada das tensões tarifárias com os Estados Unidos. A decisão marca a substituição de Wang Shouwen, que ocupava o cargo até então.
A nomeação de Li, de 58 anos, o torna peça-chave na equipe de negociação comercial da China, em um momento em que Pequim e Washington intensificam as disputas comerciais. Até agora, não há sinais de retomada das conversas no curto prazo.
“Na visão da liderança chinesa, talvez seja necessário alguém diferente para reduzir as tensões”, afirmou Alfredo Montufar-Helu, diretor do China Center da Conference Board. “É uma mudança abrupta e potencialmente disruptiva, considerando a rapidez com que as tensões aumentaram.”
Embora Wang fosse reconhecido por sua experiência nas negociações com os EUA desde o primeiro mandato de Donald Trump, Montufar-Helu acredita que Li tem o perfil adequado para assumir o novo cargo, graças ao seu histórico dentro do Ministério do Comércio. Li atua no ministério desde 2010 e já representou a China na Organização Mundial do Comércio (OMC) e em outras organizações internacionais.
O vice-primeiro-ministro He Lifeng segue como principal negociador nas relações comerciais entre China e EUA, segundo documentos oficiais. Antes dele, o ex-vice-premiê Liu He desempenhou esse papel e foi responsável por negociar o acordo da “Fase Um” com o governo Trump anterior.
“Wang teve papel fundamental por causa de sua posição na última rodada de negociações”, disse Kenneth Jarrett, conselheiro sênior do Albright Stonebridge Group. “Presume-se que o mesmo se aplicará a Li, se e quando as negociações forem retomadas.”
Segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, o presidente Donald Trump está aberto a um novo acordo comercial com a China, mas quer que Pequim tome a iniciativa. “A bola está com a China: eles precisam fazer um acordo conosco, nós não precisamos fazer um acordo com eles”, declarou na terça-feira.
Desde que Trump assumiu a presidência em janeiro, os EUA impuseram tarifas acumuladas de 145% sobre todas as importações chinesas, incluindo uma taxa de 20% supostamente relacionada ao papel de Pequim no tráfico de fentanil. Em resposta, a China elevou suas próprias tarifas, com alíquotas que chegaram a 125% na retaliação anunciada na última sexta-feira.
Especialistas avaliam que tarifas nesses níveis tendem a paralisar quase completamente o comércio de bens entre as duas maiores economias do mundo.
Antes da última escalada tarifária, Wang Shouwen havia descrito a relação China-EUA como “mutuamente benéfica e de ganhos recíprocos” em reuniões com executivos de multinacionais. Li Chenggang, por sua vez, participou no mês passado de um simpósio com grandes empresários, voltado a acalmar o setor privado após o presidente Xi Jinping declarar apoio aos negócios em fevereiro.
Como parte de uma reestruturação mais ampla no alto escalão do governo, Pequim também nomeou Chen Xiaodong como chefe da agência de ajuda internacional da China, e Wang Zhizhong como diretor da Administração Nacional de Imigração.
Anniek Bao
Publicado em 15 de abril de 2025
CNBC