O ministro israelense da Defesa, Israel Katz, afirmou que o país continuará bloqueando o acesso de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, onde o Exército retomou os intensos bombardeios aéreos e as operações terrestres.
“A política de Israel é clara: em Gaza não entrará nenhuma ajuda humanitária”, afirmou Katz, dois dias após o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU alertar que a situação humanitária na Faixa de Gaza era talvez, “a pior” desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023.
Israel bloqueia a entrada de ajuda humanitária desde 2 de março no território palestino.
Katz, um dos membros do governo mais próximo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, destacou que a política de bloqueio da ajuda é “uma das principais alavancas de pressão para evitar que o Hamas a utilize como uma ferramenta com a população”.
O Exército israelense retomou a ofensiva na Faixa de Gaza em 18 de março com a intenção de derrotar o movimento islamista e obter a libertação de todos os reféns sequestrados no ataque de 7 de outubro.
Israel acusa o Hamas de desviar a ajuda humanitária e assumir a distribuição há meses, o que o movimento nega.
Médico preso em condições ‘desumanas’
Também nesta quarta-feira 16, fontes em Gaza revelaram que o médico Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan, no norte do enclave palestino, está sendo mantido em condições “desumanas” e submetido a “intimidação física e psicológica” por Israel. A informação é da sua advogada à AFP.
O médico de 52 anos ganhou destaque durante a ofensiva israelense no norte de Gaza, relatando nas redes sociais a situação dos doentes, feridos e deslocados em seu hospital.
Pediatra de formação, recusou-se a abandonar o complexo localizado em Beit Lahia, no norte, apesar dos avisos do Exército israelense.
Forças israelenses invadiram o hospital em 27 de dezembro, alegando que abrigava um “centro de terror” do movimento islamista palestino Hamas.
Dezenas de funcionários foram presos, incluindo Abu Safiya, acusado de ser membro do Hamas.

O médico Hussam Abu Safiya, diretor do hospital Kamal Adwan em Gaza, é mantido em condições desumanas em uma prisão de Israel, segundo sua advogada.
Foto: AFP
O Ministério Público Militar classificou o caso do médico como “confidencial”, e a defesa não teve acesso ao inquérito. Sua advogada, Ghaid Qassem, conseguiu visitá-lo em 19 de março na prisão de Ofer, na Cisjordânia ocupada.
“Ele está sofrendo muito; está exausto pela tortura, pela pressão e pela humilhação que sofreu para ser forçado a confessar atos que não cometeu”, disse.
O Exército israelense não respondeu aos pedidos de comentários da AFP sobre a denúncia.
A ONG Anistia Internacional pediu sua libertação após citar depoimentos sobre a “assustadora realidade” das prisões israelenses, onde os detidos são submetidos a “tortura sistemática e outros maus-tratos”.
Organizações de saúde, figuras proeminentes e funcionários da ONU se uniram a uma campanha nas redes sociais pedindo sua libertação.
Qassem, a advogada, destaca que a saúde de seu cliente é “muito preocupante”. “Sofre de pressão alta, arritmia cardíaca e problemas de visão”, disse.
“Perdeu mais de 20 kg em dois meses e teve quatro costelas quebradas durante os interrogatórios, sem receber atendimento médico”, disse.
Abu Safiya mantém a “calma”, disse a advogada. Mas “se pergunta que crime cometeu” para ser preso “em condições desumanas”.
(Com informações de AFP)