A agenda ESG (ambiental, social e de governança) tem se fortalecido no mercado financeiro global e impactado diretamente a forma como os investidores direcionam suas carteiras.
Segundo dados da Bloomberg Intelligence, os fundos alinhados a práticas sustentáveis já representam mais de 33% do volume total de ativos geridos no mundo. A estimativa é que esse número chegue a US$ 53 trilhões até o fim de 2025.
A pressão de consumidores, governos e reguladores por práticas responsáveis tem reforçado o papel dos investimentos ESG como estratégia de longo prazo. O tema se tornou prioridade em diversos setores, como energia renovável, tecnologia, inovação e finanças.
De acordo com Cassio Zeni, cofundador e diretor de Relações com Investidores da Rubik Capital, “o ESG precisa ser encarado como uma forma de gerar impacto positivo e, ao mesmo tempo, retorno financeiro relevante”.
Consumidores já influenciam a reputação de marcas
Dados da pesquisa Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados mostram que 19% dos consumidores brasileiros consideram o ESG decisivo para a reputação de uma marca.
Em contrapartida, 26% dos entrevistados afirmam que a ausência de práticas sustentáveis é o principal fator para uma imagem negativa.
Esse comportamento também se reflete no desempenho das empresas. Segundo Zeni, organizações que levam o tema a sério tendem a se destacar no mercado. Isso aumenta o potencial de valorização no médio e longo prazo, o que atrai investidores em busca de rentabilidade com impacto.
A combinação entre lucro e responsabilidade ambiental ou social já é vista como vantagem competitiva. Fundos sustentáveis seguem essa lógica ao equilibrar retornos financeiros com posicionamento reputacional sólido.
Multi Family Offices oferecem acesso personalizado
A adesão ao ESG também passa pelos canais de acesso a esse tipo de investimento. Entre eles, destacam-se os Multi Family Offices (MFOs), estruturas especializadas em gestão patrimonial de famílias ou grupos empresariais.
Esses escritórios integram as preferências dos investidores ao comportamento de mercado, considerando variáveis como volatilidade, perfil de risco e tendências de longo prazo.
“Nos MFOs, a abordagem é completa. O ESG não entra como item isolado, mas como parte da estratégia de gestão de patrimônio”, afirma Zeni.
Ferramentas como inteligência artificial e big data são utilizadas para personalizar a experiência do cliente. A automação reduz atividades manuais e permite análises mais detalhadas, desde o controle de pagamentos até a consolidação de relatórios financeiros.
ESG deve ganhar ainda mais relevância nos próximos anos
A tendência é que a agenda ESG se torne cada vez mais presente nas decisões de investimento.
A realização da COP30, em novembro, em Belém (PA), deve ampliar a pressão sobre empresas globais. O evento, que reúne lideranças mundiais sobre o clima, colocará o Brasil no centro das discussões sobre sustentabilidade e governança.
Zeni reforça que os investidores atentos às mudanças estarão mais preparados para lidar com o novo cenário. “A demanda por um futuro sustentável já faz parte do mercado. Quem entender isso com clareza estará mais bem posicionado para causar impacto positivo em suas carteiras e no meio ambiente”, conclui.