Quase 50 pessoas morreram em dois ataques na noite de domingo no centro da Nigéria, em um contexto de confrontos mortais entre comunidades, informaram à AFP, nesta segunda-feira 14, um funcionário da Cruz Vermelha e moradores locais.
Essa região da Nigéria é frequentemente afetada pela violência étnica e religiosa, agravada por disputas de terras entre pastores fulanis, muçulmanos e agricultores predominantemente cristãos.
“Posso confirmar que 47 pessoas morreram e outras 22 ficaram feridas e foram levadas ao hospital”, disse um representante da Cruz Vermelha, que pediu anonimato e especificou que, nos ataques, “cinco casas foram queimadas”.
O incidente ocorreu nas localidades de Zike e Kimakpa, dez dias após ataques semelhantes que deixaram 40 mortos na mesma área do estado de Plateau, entre o norte predominantemente muçulmano e o sul de maioria cristã.
Danjuma Dickson Auta, secretário nacional da Associação de Desenvolvimento do Povo Irigwe, que mora no estado de Plateau, confirmou o número de mortos.
A violência “ocorreu por volta das 20h e deixou 47 mortos e muitos feridos”, disse.
“Agressores não identificados entraram na aldeia e abriram fogo indiscriminadamente. Mataram oito pessoas, outras ficaram feridas e casas foram incendiadas”, disse à AFP Dorcan John, morador de Zike.
A ONG Anistia Internacional condenou os assassinatos e pediu ao presidente nigeriano Bola Tinubu a formação de uma comissão independente para “investigar a aparente falha das agências de segurança” que devem “acabar com o derramamento de sangue”.
Com o crescimento populacional, a superfície de terra usada pelos agricultores aumentou, enquanto as pastagens estão sendo severamente afetadas pela mudança climática no noroeste e centro da Nigéria.
A grilagem de terras, as tensões políticas e a mineração ilegal agravam os conflitos.
A sucessão de assassinatos, seguida de atos de retaliação, disseminou a criminalidade nessas áreas, com ataques diretos de gangues a vilarejos, além de sequestros e saques.