O presidente da China, Xi Jinping, deu início nesta segunda-feira, 14, a uma visita oficial de dois dias ao Vietnã, com foco na ampliação das parcerias econômicas e industriais entre os dois países.
A agenda ocorre em meio à intensificação das tensões comerciais com os Estados Unidos, que anunciaram novas tarifas sobre produtos chineses. A informação é da agência Reuters.
A visita ao Vietnã é a primeira etapa de uma série de compromissos diplomáticos de Xi Jinping no Sudeste Asiático.
Após Hanoi, o líder chinês seguirá para a Malásia e o Camboja entre os dias 15 e 18 de abril. Segundo analistas, o giro asiático busca consolidar alianças regionais em resposta às recentes sanções tarifárias impostas por Washington.
O governo norte-americano, liderado pelo presidente Donald Trump, estabeleceu tarifas que chegam a 145% sobre determinadas exportações da China.
Medidas semelhantes foram projetadas para o Vietnã, com tarifas de até 46% previstas para entrar em vigor em julho, além de percentuais de 24% para a Malásia e 49% para o Camboja.
Em artigo publicado no jornal oficial do Partido Comunista do Vietnã, o Nhandan, Xi Jinping afirmou que “não há vencedores em guerras comerciais e tarifárias” e que “o protecionismo não tem saída”.
Ele defendeu uma ampliação da cooperação sino-vietnamita em cadeias de produção e fornecimento, além de parcerias em áreas como inteligência artificial e transição energética.
A China é hoje um dos principais parceiros econômicos do Vietnã. De acordo com dados da alfândega vietnamita, entre janeiro e março deste ano, as importações do país asiático somaram cerca de US$ 30 bilhões.
No mesmo período, o Vietnã exportou US$ 31,4 bilhões para os Estados Unidos. A estrutura produtiva entre os três países demonstra interdependência significativa, especialmente no setor industrial.
Em texto divulgado pela imprensa local, o presidente vietnamita To Lam declarou que pretende aprofundar os laços com a China nas áreas de defesa, segurança e infraestrutura.
Ele destacou os projetos ferroviários como prioridade, mencionando a intenção de ampliar a conectividade regional. “Queremos expandir os projetos que melhorem nossa conectividade regional e tragam benefícios mútuos”, afirmou.
O vice-primeiro-ministro do Vietnã, Bui Thanh Son, informou que cerca de 40 acordos bilaterais estão previstos para serem assinados durante a visita de Xi Jinping.
Entre eles, estão negociações envolvendo financiamento chinês para novas ferrovias que conectem os dois países. Apesar disso, nenhum contrato financeiro vinculativo havia sido anunciado até o momento.
A China busca, com a aproximação do Vietnã, criar alternativas para mitigar os efeitos das sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos.
Ao ampliar sua presença no país vizinho, Pequim espera manter o fluxo de exportações via parceiros estratégicos na região.
O itinerário de Xi Jinping será ampliado com visitas à Malásia e ao Camboja, países que também enfrentam pressões comerciais dos Estados Unidos.
Ambos os governos já iniciaram tratativas com Washington em busca de alternativas às tarifas previstas. A agenda do presidente chinês inclui encontros com líderes locais e a assinatura de memorandos de entendimento em áreas de infraestrutura, comércio e tecnologia.
A nova rodada de negociações conduzida por Pequim reforça a estratégia chinesa de fortalecimento das relações regionais.
Em meio a um cenário de instabilidade comercial com os Estados Unidos, o governo chinês tem intensificado esforços diplomáticos para preservar o acesso a mercados estratégicos e redesenhar rotas de integração produtiva no Sudeste Asiático.
A agenda de Xi Jinping representa uma tentativa de consolidar uma frente econômica regional em resposta às medidas protecionistas norte-americanas.
A expectativa é de que os encontros resultem em compromissos adicionais até o final da semana, embora os termos finais dos acordos ainda estejam em negociação.
A visita do presidente chinês ocorre em um momento em que as economias da região buscam alternativas para manter seu crescimento diante das tensões comerciais globais.
A cooperação com Pequim tem sido vista por diversos governos asiáticos como uma forma de compensar os efeitos das sanções impostas por Washington.
Ao final da viagem, Xi Jinping deverá apresentar um balanço das iniciativas firmadas e das metas definidas com seus interlocutores no Vietnã, Malásia e Camboja.
A reação dos Estados Unidos às articulações chinesas ainda é incerta, mas representantes norte-americanos indicaram que novas medidas comerciais poderão ser discutidas nas próximas semanas.
Com a movimentação diplomática intensificada e os acordos em negociação, os próximos meses devem marcar uma nova etapa na disputa comercial que envolve as principais economias do Pacífico.