A China solicitou apoio do Reino Unido ao comércio multilateral em meio à intensificação da disputa tarifária com os Estados Unidos. O apelo foi feito pelo vice-ministro do Comércio, Ling Ji, ao ministro britânico do Comércio, Douglas Alexander, durante encontro realizado em Pequim na sexta-feira.

“Diante dos desafios do unilateralismo e do protecionismo, o multilateralismo é a única solução”, declarou Ling, segundo nota oficial do Ministério do Comércio chinês.

O governo de Pequim tem buscado ampliar alianças internacionais após os recentes aumentos tarifários anunciados pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump sobre produtos chineses.

Durante a visita, Ling afirmou que as contramedidas implementadas pela China são uma resposta necessária para proteger os próprios interesses comerciais e reforçou a disposição do país em cooperar com o Reino Unido para apoiar o sistema multilateral de comércio. Segundo ele, a parceria contribuiria para maior estabilidade e previsibilidade na economia global.

A viagem de Alexander à China ocorreu no mesmo período em que o governo chinês anunciou novas medidas comerciais em resposta às tarifas norte-americanas.

Entre as ações está o aumento da alíquota de importação sobre produtos dos EUA para 125%. Pequim também rejeitou as tarifas impostas por Trump, classificando-as como “uma piada”.

De acordo com o Ministério do Comércio da China, os dois representantes “trocaram opiniões” sobre as medidas norte-americanas. O comunicado acrescenta que “ambos os lados concordaram em… fortalecer a cooperação em comércio, investimento e cadeias de suprimentos”.

A nota também informa que o ministro britânico manifestou interesse em colaborar com a China na promoção do livre comércio, ampliação do acesso a mercados e enfrentamento conjunto dos desafios atuais do sistema internacional.

Na última semana, o ex-presidente Trump suspendeu temporariamente tarifas sobre dezenas de países por um período de 90 dias, mas ampliou os impostos sobre produtos chineses para 145%, elevando a taxa efetiva média para aproximadamente 156%. A suspensão parcial abriu espaço para negociações, criando uma janela que Pequim e Washington agora utilizam para buscar apoio internacional.

Em resposta à escalada das medidas, autoridades chinesas afirmaram na sexta-feira que “simplesmente ignorariam” novas elevações tarifárias vindas dos Estados Unidos.

O governo de Xi Jinping iniciou uma série de ações diplomáticas com o objetivo de impedir o isolamento econômico do país.

Durante visita do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, o presidente Xi Jinping solicitou o apoio da União Europeia contra o que classificou como “intimidação unilateral”.

O pedido foi reiterado por outras autoridades do governo chinês ao longo da sexta-feira, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, durante reunião com representantes do grupo Brics.

Segundo o Ministério do Comércio da China, a posição do país foi defendida na reunião do Brics como um apelo coletivo contra o unilateralismo e o protecionismo. O encontro também foi utilizado por Pequim para apresentar sua perspectiva sobre os efeitos das medidas norte-americanas no comércio internacional.

Além do Reino Unido e da União Europeia, o governo chinês também buscou apoio em países do Sudeste Asiático. Na próxima semana, o presidente Xi visitará Camboja, Malásia e Vietnã com o objetivo de fortalecer alianças regionais.

Na frente multilateral, o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, reuniu-se com a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, e com o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin.

Durante o encontro, Wang afirmou que “as diferenças econômicas e comerciais entre os membros da OMC são normais e as soluções para suas respectivas preocupações devem ser encontradas por meio de negociações baseadas no respeito mútuo e na igualdade de tratamento”.

A ofensiva diplomática chinesa ocorre em um momento de crescente tensão no comércio internacional, com impactos diretos sobre cadeias produtivas e fluxos de investimento. As movimentações recentes indicam que Pequim pretende utilizar canais multilaterais e bilaterais para resistir às medidas comerciais impostas por Washington.

A expectativa é que, nas próximas semanas, novos posicionamentos sejam adotados por governos e instituições internacionais diante da escalada nas disputas comerciais entre China e Estados Unidos. O governo chinês segue articulando apoio externo para sustentar sua posição nas negociações e pressionar por mudanças na política tarifária norte-americana.

O desdobramento dessas ações pode influenciar decisões futuras na OMC, além de afetar diretamente acordos bilaterais e blocos comerciais. Enquanto isso, os esforços diplomáticos da China se intensificam em várias frentes com o objetivo de manter acesso a mercados estratégicos e reforçar sua posição no comércio global.

Com informações da SCMP

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Last Update: 12/04/2025