O pré-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, anunciou um coronel da reserva da PM e ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) em sua equipe dedicada à pré-campanha eleitoral. Alexandre Gasparian foi comandante do batalhão de choque da PM durante os meses de fevereiro e setembro de 2015, período do governo fascista de Geraldo Alckmin e sob a tutela de Alexandre de Moraes, à época, secretário de segurança pública de São Paulo.

Em entrevista ao canal aberto SBT, Boulos defendeu a indicação, destacando que Gasparian defende uma segurança que respeita os direitos humanos. No entanto, a declaração contrasta com a matéria publicada pelo sítio Ponte Jornalismo, que destaca o oposto do que diz Boulos.

“No curto período [sob comando de Gasparian], policiais da considerada tropa de elite da PM-SP tiveram ao menos três fortes desvios de conduta comprovados. No mais recente dos casos, o soldado Fabrício Emmanuel Eleutério, transferido recentemente pelo comando da PM para a Rota – por ter envolvimento em mais de três supostos confrontos seguidos de morte nos últimos cinco anos – foi reconhecido por uma das vítimas da chacina de Osasco e Barueri, em 13 de agosto deste ano. Ao todo, 19 pessoas morreram.

No dia 6 de agosto, um pelotão inteiro da Rota – formado por 14 homens – foi preso administrativamente sob suspeita de ter forjado um tiroteio para tentar justificar a morte de dois homens. Uma testemunha afirmou que uma das vítimas foi detida por policiais militares em Guarulhos, na Grande São Paulo, horas antes de ter aparecido morto em Pirituba, zona oeste, distante aproximadamente 32 quilômetros. A SSP afirmou à época que foram apreendidos uma submetralhadora 9 mm., um revólver, um colete à prova de balas e duas dinamites.

Um outro caso que causou repulsa aconteceu na cidade de Sumaré, a 120 quilômetros da capital paulista, em 8 de julho. Dois integrantes da Rota e dois membros do 1º Baep (Batalhão de Ações Especiais) foram presos em flagrante sob a suspeita de promover um atentado a tiros contra um jovem de 22 anos e também de tentar matar outros quatro policiais militares. Armados com fuzis, pistolas e escopetas em um carro com placas adulteradas, os policiais balearam a vítima e, depois, trocaram tiros com PMs ouviram os tiros e deram ordem para que os policiais parassem o carro.”

A matéria de Ponte Jornalismo informa ainda casos de desaparecimentos e também que “policiais da Rota torturaram três pessoas com choques elétricos, inclusive no pênis, por aproximadamente sete horas. As vítimas desapareceram e a polícia até emitiu alerta geral para tentar localizá-las para fazer interrogatórios. O PM que chefiou a equipe foi promovido de tenente para capitão após aquela ação.”

Colocar um homem desses à frente da política de segurança pública é uma demonstração eloquente do verdadeiro caráter de Guilherme Boulos. Dado o teor de sua declaração em defesa de Gasparian, é de se questionar o que a candidatura declaradamente direitista faria de pior, se organizar campos de concentração abertamente iguais aos construídos pelo regime nazista ou algo do gênero.

Ainda, a mentira deslavada de que este seria um organizador da segurança pública que “respeita os direitos humanos” repete o que existe de pior, de mais corrupto e desmoralizado na política burguesa, expondo novamente o quão direitista Guilherme Boulos realmente é. Um homem sem nenhuma ligação real com as massas trabalhadoras, capaz de delegar a um organizador de torturas e massacres da população negra, e pobre, a tarefa de articular a política de segurança em sua pré-campanha.

Além de reforçar a ameça que representa para a população pobre da cidade de São Paulo, Boulos mostra o erro crasso dos setores da esquerda que o apoiam e que, fatalmente, serão cobrados por um eventual governo municipal do psolista, que ainda na fase da demagogia eleitoreira, já dá sinais de que promoverá uma intensa repressão aos miseráveis e à população pobre da capital.

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Última Atualização: 03/07/2024