Em 27 de março de 1990, os Estados Unidos lançaram a TV Martí, uma emissora estatal voltada para Cuba com o objetivo declarado de oferecer “informação livre” ao povo cubano. Naturalmente, tratava-se de um braço da propaganda norte-americana para atacar o governo revolucionário da ilha e incentivar ações contrarrevolucionárias. A emissora operava sob o guarda-chuva da Rádio Martí, fundada anos antes, em 1983, durante a presidência de Ronald Reagan.

A TV Martí logo se tornou um fiasco técnico e político. Com base em Miami, transmitia sua programação em UHF para Cuba, mas o governo cubano, prevendo a movimentação dos EUA, investiu em tecnologia de bloqueio, tornando o sinal praticamente inacessível para os cubanos. Por isso, a emissora foi apelidada de “No See TV” (“TV invisível”, em tradução livre). Apesar disso, seguiu recebendo milhões de dólares anualmente do orçamento federal dos EUA, sob pretexto de levar “notícias sem censura” a Cuba.

O canal funcionava como um veículo para fomentar ações de desestabilização. Ao longo dos anos, apoiou movimentos de oposição ao governo cubano e incentivou tentativas de insurreição, como as flotilhas de dissidentes que tentavam penetrar no território cubano para provocar distúrbios. A rede também fornecia visibilidade a figuras ligadas a grupos de extrema direita que defendiam a derrubada violenta do governo cubano.

Em um dos casos mais notórios, TV Martí deu espaço a Orlando Bosch, mercenário que confessou participação no atentado contra um avião da companhia aérea Cubana de Aviación, ocorrido em 1976 e responsável pelo assassinato de 73 pessoas. Ao longo das décadas, a emissora se tornou alvo de críticas até dentro dos EUA.

Congressistas norte-americanos questionavam sua utilidade, uma vez que a tecnologia cubana de bloqueio tornava a programação inacessível. Além disso, sucessivos escândalos abalaram a credibilidade do canal.

Mesmo com a decadência da TV Martí, o governo dos EUA continuou a investir na emissora, adaptando sua estratégia para o ambiente digital. Durante os anos 2010, o foco passou a ser a difusão de conteúdos nas redes sociais, como Facebook e YouTube. Segundo dados internos, os vídeos da TV Martí começaram a alcançar milhões de visualizações, especialmente entre os cubanos que acessavam a internet de maneira limitada.

A virada definitiva ocorreu nesse ano, com o governo de Donald Trump. Em meio a um amplo corte de gastos ligados à máquina de agitação política e guerra do imperialismo, o governo Trump desmantelou a TV Martí. Em um e-mail repentino, os funcionários da rádio e da TV Martí foram informados do fechamento da emissora.

A decisão, tomada em 2020, encerrou quatro décadas de investimentos milionários em um projeto que, além de fracassado, servia como instrumento de ingerência política contra Cuba. Foi um golpe contra a máquina de propaganda contrarrevolucionária que os governos anteriores, tanto republicanos quanto democratas, mantiveram ativa. Medida que também foi positiva para o governo revolucionário cubano, naturalmente.

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Last Update: 27/03/2025