O estudante Nicolas Bezerra, da Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), enfrenta uma ação judicial movida pela Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ), entidade sionista em solo brasileiro, em decorrência de sua participação na exposição “Palestina Livre!”, realizada em novembro passado. A iniciativa, organizada por estudantes da EBA, trouxe trabalhos artísticos que denunciavam o genocídio palestino e criticavam as ações militares de caráter nazista de “Israel” contra Gaza.

A exposição “Palestina Livre!” contou com a participação de 30 artistas da EBA e foi marcada por obras que exaltavam a Resistência Palestina e criticavam o colonialismo sionista. Entre os trabalhos apresentados, destacavam-se cartazes em homenagem a lideranças palestinas assassinadas e mensagens contra o genocídio em curso. Nicolas Bezerra, conhecido por suas produções artísticas voltadas para a denúncia política, tornou-se alvo da FIERJ, que alegou que suas obras promovem “discriminação atacando israelenses e judeus de forma clara e direta”.

O Centro Acadêmico da Escola de Belas Artes (CAEBA) repudiou a ação judicial, classificando-a como uma tentativa desonesta de silenciar críticas legítimas ao Estado de “Israel”. Em nota oficial, o CAEBA afirmou que a perseguição ao estudante busca estabelecer um precedente jurídico para rotular qualquer crítica ao sionismo como antissemitismo.

A confusão deliberada entre antissionismo e antissemitismo tem sido utilizada como método para incriminar qualquer um que denuncie o apartheid israelense; desde os mais sutis, que pregam o fim da invasão militar, até os que defendem a legítima dissolução do Estado de “Israel”, que sequer deveria ter sido fundado. Segundo o CAEBA, essa política busca deslegitimar a luta pela autodeterminação do povo palestino ao associá-la equivocadamente a preconceitos religiosos ou étnicos. A entidade destacou que o sionismo não representa toda a comunidade judaica e que há organizações judaicas e movimentos dentro do próprio “Israel” que se opõem às políticas do governo de Benjamin Netaniahu, apesar de não se oporem ao enclave sionista em si.

Essa manobra também foi denunciada pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO), que classificou o caso como uma tentativa desonesta de calar quaisquer grupos dissidentes. Para o CEBRASPO, os cartazes expostos na UFRJ não incitam ódio, mas sim denunciam as agressões do criminoso Estado israelense contra Gaza e incentivam a resistência legítima do povo palestino.

A perseguição sofrida por Nicolas Bezerra gerou uma onda de solidariedade dentro e fora da UFRJ. O caso foi amplamente divulgado nas redes sociais recebendo apoio até mesmo de organizações moderadas em sua atividade, como é o caso da Federação Árabe Palestina (FEPAL) e do Coletivo Árabes e Judeus pela Paz, e do cartunista Carlos Latuff.

O caso na UFRJ reflete uma tendência global de repressão ao ativismo pró-Palestina. Nos Estados Unidos, por exemplo, estudantes têm enfrentado sanções disciplinares e até prisões por manifestações contra o apartheid israelense. Mahmoud Khalil, um ativista palestino da Universidade Columbia, foi detido pelo ICE sob acusações infundadas de associação com o Hamas.

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Last Update: 27/03/2025