
O vereador de Balneário Camboriú-SC, Jair Renan Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, foi o único parlamentar a votar contra a atualização de documentos sobre a morte de Higino João Pio, primeiro prefeito da história do município, que foi assassinado pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar, em março de 1969.
Na época, os militares forjaram a cena do crime e divulgaram a morte do então prefeito como “suicídio”. No entanto, de acordo com documentos revelados pela Comissão Nacional da Verdade, Higino foi assassinado na Escola de Aprendizes de Marinheiros, em Florianópolis, onde morreu “após estrangulamento, em ação perpetrada por agentes do Estado”.
Em dezembro de 2024, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou a alteração na certidão de óbito do político para “morte violenta, causada pelo estado brasileiro no contexto de perseguição sistemática” à dissidentes políticos. Com isso, em sessão na última terça-feira (25), a Câmara Municipal de Balneário Camboriú resolveu retificar os documentos legislativos e atas da época, que registraram erroneamente o suicídio.
O requerimento para corrigir as atas foi aprovado com apenas um voto contrário: do vereador Jair Renan Bolsonaro (PL).

Após retificadas, as atas, que datam dos dias 11 de março e 10 de outubro de 1969, serão entregues aos familiares em sessão solene da Casa Legislativa, que será realizada em homenagem ao ex-prefeito. A cerimônia está agendada para a próxima segunda-feira (31), dia em que se completa 61 anos do golpe militar contra o presidente João Goulart.
Suicídio forjado pela ditadura militar
De acordo com investigações ao longo dos últimos 50 anos, após ter sido morto, o corpo de Higino João Pio foi pendurado com um arame no pescoço, amarrado em uma torneira, com os pés próximos ao chão, com o objetivo de forjar o suicídio do ex-prefeito. A apuração consta no relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que tem quase duas mil páginas, entre fotos, depoimentos e laudos. A ação ocorreu na Escola de Aprendizes de Marinheiros, em Florianópolis, onde Higino estava preso pelo regime ditatorial.

Homenagens póstumas
No dia 20 de julho, data do aniversário de Balneário Camboriú, Higino João Pio terá um sepultamento com honras de estado, cerimônia a qual não teve direito em 1969. Ele foi sepultado na cidade de Itajaí-SC, em caixão lacrado por ordem dos militares.
A cerimônia terá presença de autoridades, desfile em carro aberto, forças de segurança, familiares e protocolo fúnebre de estado.

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