
Matheus Mayer Milanez, advogado do general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), negou a participação de seu cliente na trama golpista e culpou o ex-presidente Jair Bolsonaro pelas manifestações criminosas. Ele citou uma live transmitida em 2021, na qual Heleno não teria falado “absolutamente nada”, e afirmou que essa é a principal prova da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o militar.
“Ele ficou sentado, não falou uma palavra, não fez um gesto, não fez absolutamente nada. Quem participou da live, falando e atuando em um primeiro plano, foi o ex-presidente Jair Bolsonaro. Heleno não falou absolutamente nada, não se manifestou”, afirmou o advogado.
A live citada por Milanez, transmitida em 29 de julho daquele ano, foi usada por Bolsonaro para atacar as urnas eletrônicas. Com fake news divulgadas na internet que já foram desmentidas por órgãos oficiais, o líder de extrema-direita insinuou que existiam “indícios” de fraude nas eleições. O vídeo foi removido do YouTube posteriormente.
O defensor do general disse ainda que a PGR cita uma “anotação em agenda” para tentar incriminar seu cliente, mas argumenta que a denúncia não cita como o documento foi “crucial” para a trama golpista. Segundo o advogado, Augusto Heleno é alvo de um “terraplanismo argumentativo”.
“E aqui eu me recordo muito, senhoras e senhores, de uma série que está passando, em um grande streaming, em que cientistas querem chegar numa conclusão, e eles vão construindo provas para se chegar nessa conclusão. Então o objetivo é provar que a Terra é plana. Se fazem inúmeros experimentos, inúmeros estudos para se provar que a Terra é plana”, prosseguiu.
Para tentar provar a inocência de Heleno, Martinez ainda disse que o militar, quando chefiava o GSI, colaborou com a organização da posse do presidente Lula: “A posse de Lula foi coordenada pelo GSI do general Augusto Heleno e ocorreu em segurança tanto que o atual presidente está aí”.
O advogado também criticou a PGR e disse que os elementos apontados na denúncia não comprovam a participação de Heleno no plano golpista. Veja:
O próprio advogado do Augusto Heleno também concorda que é uma organização criminosa 🤭🤭
Só não se esqueça que o general era ministro do GSI, hein?pic.twitter.com/DyMHWLzEGT
— Rogério Correia (@RogerioCorreia_) March 25, 2025
Augusto Heleno e a Abin paralela
A PGR aponta que o general fazia parte de um grupo central envolvido no plano para tentar impedir a posse de Lula. Como ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ele comandava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que, de acordo com as investigações, teria sido utilizada para espalhar informações falsas sobre o processo eleitoral.
A chamada “Abin paralela”, sob o comando de Alexandre Ramagem, teria fornecido suporte às declarações de Bolsonaro durante transmissões ao vivo em que ele colocava em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.
A Polícia Federal encontrou documentos com Heleno e Ramagem que, segundo a denúncia, comprovam um plano de divulgação de teorias de fraude nas eleições. Na casa de Heleno, foram localizadas anotações com termos como “fraudes pré-programadas” e “mecanismo usado para fraudar”, além de estratégias para enfraquecer a credibilidade do sistema de votação.
O general também teria dito, em reunião ministerial no dia 5 de julho de 2022, que era preciso “virar a mesa antes das eleições”. Ainda segundo a acusação, Heleno contou a Bolsonaro que tinha um esquema para infiltrar agentes da Abin nas campanhas eleitorais.
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