Jair Bolsonaro e seus filhos; Eduardo, Flávio e Carlos – Foto: Reprodução

No Brasil, não há ditadura. Mas a familícia Bolsonaro precisa de uma. Enquanto o pai está prestes a ser preso por organizar uma tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, o filho-deputado fugiu para os Estados Unidos, onde, impulsionado pelo nazismo trumpomuskista, tenta emplacar a “narrativa” de que o Brasil vive sob um regime ditatorial e que o governo Lula persegue inocentes.

No entanto, esse terraplanismo político – que não engana nem o mais desavisado dos cidadãos comuns – precisa ser denunciado e desmontado antes que viceje e passe a alimentar o fiel rebanho de bolsonaristas.

O único argumento do bolsonarismo para “ilustrar” a existência de uma ditadura é que mais de 1.500 “vovós e vovôs” estão presos injustamente por terem participado de um “inocente ato de rebeldia contra o sistema” na Praça dos Três Poderes, em Brasília. A prisão dos “vovós e vovôs” é o único elo real, factual, com a lisérgica ditadura; todo o resto é o habitual banditismo bolsonarista, construído em ambiente alucinado, sob efeito de alucinógenos e embalado em teorias da conspiração, delírios e distopias.

Para desmontar a farsa, o óbvio precisa ser dito: os condenados pelo STF não são cidadãos comuns injustiçados. São extremistas que atentaram contra a democracia e agora tentam se fazer de vítimas para justificar o crime cometido.

Em sessão do plenário do Supremo Tribunal Federal, na semana passada, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, apresentou dados aterradores que demolem instantaneamente a verborragia bolsonarista.

Os números são claros acerca do 8 de janeiro:

Foram 2.172 prisões em flagrante.

Dessas, após investigação da Polícia Federal, escrutínio da Procuradoria-Geral da República e ampla defesa por seus advogados, a PGR inocentou 620 presos e apresentou 1.552 denúncias ao STF.

Para aproximadamente 1.000 dos 1.552 denunciados, ou seja, dois terços dos acusados, foi oferecida a possibilidade de um acordo de não persecução penal. Os termos eram generosos: pagamento de multa de 5.000 reais (para quem pudesse pagar), além de abstenção do uso de redes sociais por dois anos e a realização de um curso sobre democracia oferecido pelo Ministério Público.

Quantos dos 1.552 aceitaram pagar penas tão “pesadas” para se livrarem do processo?

Apenas 527.

Disse Barroso: “Isso desmistifica a ideia de que estamos lidando com o ambulante ou com a costureira que foi a Brasília invadir”. Segundo ele, não houve um simples protesto, mas um ataque organizado e violento às instituições democráticas. Ainda assim, os bolsonaristas insistem em pintar os golpistas como “mães, pais, trabalhadores e vovós” injustamente perseguidos. A realidade é outra: quando oferecidos acordos judiciais leves, metade dos acusados recusou.

Presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso – Foto: Fellipe Sampaio/STF

Os extremistas não querem justiça; querem manter sua narrativa de perseguição e alimentar o mito bolsonarista. Prova disso foi a micareta fascista organizada por Jair Bolsonaro em Copacabana no último dia 16. No palco, com sua habitual hipocrisia, chorou por golpistas condenados, citou nomes de algumas senhoras presas e convocou familiares dos réus. “Hoje vamos falar sobre a vida de inocentes, sobre a vida de pessoas que não cometeram nenhum ato de maldade”, declarou. Mas como chamar de inocente quem depredou o patrimônio público, saqueou armas, atacou policiais e clamou, meses a fio, por um golpe militar?

O que esses criminosos não aceitam é a derrota de Bolsonaro nas urnas, mesmo após usarem todos os expedientes ilegais: bilhões em orçamento secreto, bloqueio de estradas pela PRF, pressão intimidatória dos militares; nada disso foi suficiente. Numa eleição limpa, auditável e transparente, conduzida com um dos sistemas mais seguros do mundo, a democracia derrotou a ditadura. O levante de 8 de janeiro não foi um ato espontâneo de cidadãos desavisados, mas uma tentativa premeditada de subverter a ordem democrática.

A anistia a esses terroristas não pode ser cogitada, sob pena de termos outra ditadura batendo às nossas portas. Quem tentou destruir a democracia e, diante da chance de um acordo brando, escolheu radicalizar, não pode ser visto com complacência, não pode ser perdoado, pois o Brasil está pagando caro por ter concedido anistia aos torturadores e golpistas de 1964. A prisão de Bolsonaro abalará, mas não derrotará o fascismo brasileiro e, se o país quiser preservar sua democracia, terá de enfrentá-lo de forma rigorosa e sem concessões.

Atos terroristas de 8 de janeiro – Foto: Reprodução

Os quatro anos em que Bolsonaro e sua trupe de extremistas passaram conspirando contra a democracia e organizando um golpe de Estado não foram suficientes para emplacar sua ditadura – que, se tivesse ocorrido, estaríamos vivendo o inferno nazifascista que hoje atormenta os húngaros sob Orbán, os argentinos sob Milei, os salvadorenhos sob Bukele e os estadunidenses sob Trump –, e é por isso que a cúpula bolsonarista, hoje às portas da cadeia, tenta desesperadamente criar condições para instaurar uma ditadura e se livrar de seus crimes. Bolsonaro e seu círculo mais próximo – sua família, incluindo a esposa, os militares adoradores do Ustra, os empresários da fé e do agronegócio – não têm qualquer preocupação com os “vovós e vovôs” do 8 de janeiro. Estão, como sempre, apenas preocupados em salvar a própria pele.

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Last Update: 24/03/2025