A próxima fase da reforma do mercado de capitais na China considera a adoção de “punições severas e leis mais rigorosas” para conter atividades ilegais, especialmente após o recente colapso da incorporadora chinesa Evergrande por endividamento.
O economista Wu Xiaoqiu, diretor da Academia Nacional de Pesquisa Financeira da Renmin University of China, destaca que as reformas precisam ser “aprofundadas urgentemente” para prevenir a violação de regras e ajudar no desenvolvimento de um mercado de capitais orientado ao investidor.
O incidente de Evergrande nos obriga a repensar e melhorar sistematicamente o mecanismo regulatório”, disse Wu, destacando que a atual prática de refinanciamento de títulos no mercado de ações A é um “mecanismo ridículo” que ignora os interesses dos investidores.
Na visão de Wu, a China pode aprender com o atual sistema regulatório vigente nos Estados Unidos, em que incidentes como o ocorrido na Evergrande seriam eliminados pela raiz, pois as empresas estão cientes de que as punições levariam a uma “destruição total sem chance de recuperação”.
O economista lembra o caso Enron, considerado um dos maiores escândalos corporativos da história, quando o balanço da empresa foi inflado em cerca de US$ 610 milhões. Em comparação, o caso da Evergrande ultrapassou os 500 bilhões de yuans (cerca de US$ 68,79 bilhões).
A China e o caso Evergrande: o ocidente se equivoca (mais uma vez), por Elias Jabbour
No mês de maio, a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China aplicou uma multa de 4,17 bilhões de yuans ao Evergrande Real Estate Group por emissões fraudulentas de obrigações e violações de regras relacionadas com a divulgação de informações.
Segundo a comissão, a incorporadora Evergrande inflou sua receita em 214 bilhões de yuans em 2019 e em 350 bilhões de yuans no ano de 2020.
Neste mês ocorre a sessão plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China, em Pequim, e a expectativa é que a reforma financeira seja o principal ponto a ser abordado durante a sessão plenária.