Luan Araújo, jornalista negro foi perseguido e ameaçado por Carla Zambelli em 2022. Foto: reprodução

Todos os jornais, sites, blogs e assemelhados, incluindo os de esquerda, com as exceções de costume, informam o seguinte: a deputada Carla Zambelli pode ser condenada e até perder o mandato por ter perseguido, com arma em punho, um homem pelas ruas de São Paulo em outubro de 2002, na véspera do segundo turno da eleição.

Poucos informam que a deputada perseguiu o jornalista Luan Araújo. O homem perseguido e ameaçado tem um nome. Tem uma profissão que a extrema direita odeia. E é negro.

O jornalista negro Luan Araújo foi perseguido e correu o risco de morrer, porque ninguém usa arma de fogo sem saber que pode matar. Jogou-se ao chão e foi subjugado pela deputada, sempre armada. E é tratado como um homem sem nome.

Luan Araújo deve ter o rosto exposto e ser bem identificado porque nos representa. Representa os jornalistas e todos os perseguidos pelo fascismo. Incluindo os acossados por assédio judicial de poderosos da extrema direita. Eles perseguem nas ruas, na Justiça, na tribuna do Congresso, nas milícias digitais, nas mídias de direita, onde dá pra perseguir.

O jornalista Luan Araújo, perseguido por Carla Zambelli, é paulista, tem 35 anos e se dedica às pautas de combate ao fascismo e ao racismo. Luan é um jornalista assumidamente de esquerda e escreve para várias publicações. Não é apenas um homem que Zambelli decidiu perseguir.

No ano passado, quando a deputada ainda estava forte e impune, Luan foi condenado a oito meses de cadeia porque teria ofendido a perseguidora. A pena foi transformada em prestação de serviços à comunidade. Dos personagens desse caso, ele é o único condenado até agora.

Todos os veículos de imprensa deveriam assumir o compromisso de dar o nome e mostrar a cara de Luan Araújo, para que também ele não se transforme em mais uma vítima sem identidade e sem rosto das crueldades e dos crimes do bolsonarismo.

O nome de Luan Araújo deve ser repetido, porque a perseguição de outubro de 2022 provocará a condenação da primeira figura de expressão da extrema direita, que até agora só tem gente do segundo time cumprindo pena.

Luan Araújo precisará ser lembrado como o jornalista negro do caso que finalmente tirou Zambelli da política. Não escondam o nome de Luan, porque o julgamento que acontece no STF, com a previsível condenação da deputada, será um momento histórico.

(Quando esse texto foi concluído, no início da noite de sexta-feira, os ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes, os primeiros a votar no julgamento de Zambelli pelo STF por constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo, haviam decidido que a deputada do PL deve ser condenada 5 anos e 3 meses de prisão em regime inicial semiaberto, com a perda do mandato parlamentar. A previsão é de que os ministros poderão votar remota e lentamente até a próxima sexta-feira. Carla Zambelli começa a morrer como figura pública da extrema direita nesse julgamento em banho-maria, mas em fogo alto).

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Last Update: 22/03/2025