A ex-presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner criticou duramente Donald Trump e Javier Milei após o governo dos Estados Unidos oficializar a proibição de entrada no país para ela e seus filhos. A justificativa dada pelo Departamento de Estado norte-americano foi a suposta “participação em corrupção significativa”.
Cristina reagiu imediatamente, questionando a base da decisão e acusando Milei de estar por trás da medida. “Será por uma cripto fraude? Porque, sinceramente, nunca cometi nenhuma cripto fraude nos Estados Unidos nem em nenhum outro lugar. E minha filha, menos ainda”, escreveu em sua conta nas redes sociais. A menção faz referência ao escândalo da criptomoeda $Libra, com o qual Milei tem sido associado.
A ex-presidenta também aproveitou para lembrar os problemas judiciais de Donald Trump, destacando que o ex-presidente dos EUA foi condenado em 2023 por abuso sexual e difamação contra a escritora E. Jean Carroll. Em janeiro de 2024, Trump também foi considerado culpado por difamar uma jornalista.
Em tom irônico, Cristina questionou: “Será que meu filho abusou sexualmente de alguma jornalista ou escritora na loja mais cara de Nova York? Ou será que subornou alguma prostituta norte-americana para impedir que revelasse que ele havia contratado seus serviços porque isso o prejudicaria em sua campanha? Também não… Nenhuma das duas coisas.” A referência é ao caso da ex-atriz de filmes adultos Stormy Daniels, que afirmou ter recebido dinheiro do advogado de Trump para manter silêncio sobre um caso com o então candidato em 2016.
Críticas ao empréstimo do FMI
Cristina também atacou Trump por ter apoiado o empréstimo de 45 bilhões de dólares concedido pelo FMI ao então presidente Mauricio Macri em 2018. Para ela, o dinheiro teve como objetivo favorecer a tentativa de reeleição de Macri em 2019.
“Trump ainda não engoliu que seu amigo Mauricio Macri perdeu as eleições”, escreveu. E provocou: “E agora? Vão dar novamente 20 bilhões de dólares ao presidente da cripto fraude? Lembrem-se de que ele também não será reeleito.” Para ilustrar a inutilidade dessa estratégia, Cristina usou uma expressão popular: “No meu bairro chamam isso de gastar pólvora em chimangos.”
Ela alertou que a consequência dessas decisões recai sobre o povo argentino, que acaba arcando com os custos das políticas impostas por acordos com o FMI.
Resposta direta a Milei
Após a proibição, Javier Milei comemorou publicamente a decisão dos EUA. Cristina respondeu diretamente ao presidente argentino, chamando-o de “economista especialista em crescimento com ou sem dinheiro… e em cripto fraudes”. Acusou Milei de ter feito o pedido ao governo norte-americano e escreveu: “Como te dói o que eu digo, hein! Você não conseguiu se conter e correu para postar, deixando todos os seus dedos marcados de que foi um pedido seu.”
Ainda o acusou de não ter competência nem na política, nem na economia. “Você, sozinho, não tem combustível… Por isso recorre ao FMI e a Trump. FICA MUITO CLARO, MILEI!”
Convocação para o 24 de março
Cristina encerrou sua manifestação com uma convocação à mobilização popular. Relembrou que, mesmo durante a ditadura, figuras centrais da repressão como Jorge Rafael Videla e Emilio Massera nunca foram proibidas de entrar nos Estados Unidos.
“O 24 de março todos às ruas, porque nem Videla nem Massera foram proibidos de entrar nos EUA”, disse, em referência ao Dia Nacional da Memória, pela Verdade e pela Justiça, que marca o golpe militar de 1976 na Argentina.
A fala de Cristina reacendeu o debate sobre a seletividade das políticas externas norte-americanas e reforçou sua posição como voz de oposição a Milei e às alianças do atual governo com setores do conservadorismo internacional.
Autor: Redação
Biografia: Este é um conteúdo original produzido pela equipe de redação.
Data: 21 de março de 2025
Fonte: Página/12