Com o início do Campeonato Brasileiro se aproximando, chama atenção a quantidade de jogadores estrangeiros ou retornados ao país, depois de passagens por times de fora.
Nestes tempos, o Brasil tornou-se uma verdadeira “incubadora” para jogadores que rumam para outras partes do mundo.
A presença de sete uruguaios em campo no decisivo Flamengo vs. Fluminense, o famoso Fla-Flu, do “Cariocão”, exemplifica bem essa realidade. Isso, sem contar os outros atletas de outras nacionalidades.
No primeiro jogo da final do Campeonato Paulista, além da surpresa da vitória do Corinthians por 1 a 0 sobre o Palmeiras, o que também causou agitação foi a crítica das equipes, especialmente de dirigentes do São Paulo, contra os horários e as datas dos jogos.
A diretoria do São Paulo disse ter se sentido desprestigiada pela forma como a Federação Paulista de Futebol reagiu às críticas do clube à arbitragem no jogo contra o Palmeiras, pela semifinal do campeonato.
Júlio Casares, o presidente do clube, disse ter enviado uma carta à Federação e, segundo o Globo Esporte, afirmou: “Respeitamos sempre o Campeonato Paulista, mas, de repente, eu posso fazer desse campeonato uma pré-temporada”.
Na prática, alguns dos grandes clubes já vêm tratando o estadual dessa maneira, apesar da rivalidade histórica entre as equipes de maior expressão.
Esse tipo de reflexão sobre o calendário e a competição estadual também se reflete no Botafogo.
John Textor, proprietário da SAF do Botafogo, declarou que o Campeonato Carioca é visto como uma pré-temporada para a equipe.
Esse período inicial serviria, de acordo com essa visão, para dar ritmo ao time, que precisa se reorganizar após a saída de jogadores negociados e a chegada de novas contratações.
As datas Fifa, consideradas valiosas por todos, são vistas pelos clubes como uma chance de se ajustar.
Isso vale tanto para os times que estão no final de suas temporadas quanto para aqueles no início, ainda em busca de entrosamento.
Na Seleção brasileira, o momento também é de decisão, com adversários complicados nas Eliminatórias.
A Colômbia, embora não esteja bem colocada, tem uma história de sucesso, e a Argentina, atual campeã mundial, lidera a tabela.
De todo modo, a Seleção está em boas mãos, com Dorival Júnior, que transmite confiança aos jogadores. O que nos resta é torcer pela classificação e pelo sucesso do projeto que vem sendo construído.
Entre as novidades no noticiário futebolístico, um destaque curioso: Rodrygo, que surpreendeu muita gente ao se consolidar como titular do maior clube de futebol do mundo, o Real Madrid, vai vestir a camisa 10 da Seleção brasileira.
Trata-se de uma grande responsabilidade para alguém que, apesar de sua imagem jovem, se destaca por sua habilidade e maturidade em campo.
Sua trajetória promete ajudar a equipe a se ajustar rapidamente – já que não há tempo hábil para grandes treinos ou amistosos.
Outra informação recente é a de que dois clubes, Cruzeiro e Botafogo, realizariam jogos-treino, algo praticamente extinto no futebol moderno.
Além disso, há a introdução do cargo de liaison, ocupado por um auxiliar que tem a responsabilidade de ajudar na adaptação dos novos jogadores aos clubes. A esse profissional compete a missão de personalizar o processo de integração dos atletas ao novo ambiente.
Isso significa, por exemplo, garantir que detalhes como a mudança para uma nova cidade e a adaptação da família sejam resolvidos enquanto os jogadores entram de cabeça no calendário apertado de competições.
Por falar em calendário, os debates sobre isso seguem crescendo.
O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, afirmou que não colocará seu time em campo em jogos marcados com menos de 72 horas de intervalo.
Aqui no Brasil, os clubes também têm reclamado do ritmo frenético das competições, com 19 jogos marcados em um intervalo de dois meses e um percurso de 7 mil quilômetros.
A pressão sobre os jogadores e equipes é cada vez maior e as condições de trabalho precisam ser repensadas, para que sejam garantidos a saúde e o rendimento dos atletas. •
Publicado na edição n° 1354 de CartaCapital, em 26 de março de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Pressões no esporte’