O uso de inteligência artificial tem se expandido no Brasil, especialmente entre os mais jovens. Um levantamento da HSR Specialist Researchers indica que 83% dos brasileiros entre 18 e 24 anos e 84% dos que têm entre 25 e 34 anos já experimentaram alguma ferramenta baseada em IA.
Apesar da popularidade crescente, o estudo revela que o acesso a essas tecnologias ainda é desigual. Entre os entrevistados da classe A, 95% afirmam ter utilizado IA, enquanto esse percentual cai para 61% entre as classes C2, D e E. O nível de escolaridade também influencia: 80% dos que possuem ensino superior completo já usaram essas soluções, contra apenas 31% dos que concluíram o ensino médio.
Diferenças no aprendizado da tecnologia
Para Bruno Nunes, CEO da Base39, a confiança no aprendizado tecnológico influencia a adoção dessas ferramentas. Segundo ele, grupos mais privilegiados tendem a incorporar a IA com mais facilidade, o que pode ampliar desigualdades, já que essas competências são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho.
“A IA generativa é uma ferramenta poderosa que já começa a demonstrar seu valor. Para avançarmos, é preciso investir em capacitação e políticas públicas para garantir que os benefícios dessa inovação sejam acessíveis a todos”, avalia Nunes.
Ferramentas mais utilizadas
O ChatGPT lidera a preferência dos brasileiros entre as plataformas de IA. A Meta AI, integrada ao WhatsApp, aparece em segundo lugar, atraindo um público mais velho que antes não utilizava essa tecnologia com tanta frequência.
No entanto, muitas pessoas ainda enfrentam dificuldades para compreender e integrar a IA ao cotidiano profissional. Usabilidade e facilidade de operação são fatores decisivos na escolha dessas soluções.
Percepção sobre o impacto da IA
Apesar dos desafios, a maioria dos brasileiros tem uma visão positiva sobre os efeitos da IA. Segundo a pesquisa, 70% acreditam que a tecnologia trará melhorias para a vida pessoal, enquanto 73% enxergam impactos positivos no mercado de trabalho.
Em relação a questões globais, como o meio ambiente, a confiança é menor: 65% dos entrevistados acreditam em benefícios. A falta de conhecimento sobre o alto consumo energético dessas plataformas pode explicar essa diferença.
Para Nunes, a adoção em larga escala da IA precisa ser acompanhada de preocupação com a inclusão e ética. “Não basta investir bilhões em tecnologia sem considerar os impactos sociais. O futuro da IA deve ser brilhante, mas também justo e acessível a todos”, conclui.