Não é à toa que os dados do IBGE mostram que mais de um quarto dos curitibanos, 26,9% da população da cidade, vivem com uma renda de menos de meio salário mínimo. Apesar da propaganda do prefeito Eduardo Pimentel (PSD), da Curitiba linda e maravilhosa, não está nada fácil colocar comida na mesa. Basta fazer uma busca rápida nos sites de emprego para ver como é a realidade das “oportunidades de trabalho”. Boa parte desses trabalhos, pagam salário mínimo ou um pouco mais.
Para se ter uma ideia, o salário mínimo calculado pelo DIEESE deveria ser de R$ 7.229,32 para garantir o básico a uma família. Em relação ao estado, o governador faz muita propaganda do Paraná ter o maior salário mínimo estadual do país, R$ 2.275,00 reais, porém ele não é implementado na prática. Como dissemos antes, é só dar uma olhada rápida nos sites de emprego para tirar a prova real.
E aí te perguntamos, como viver com um salário mínimo? Infelizmente essa é a realidade da maioria da classe trabalhadora da cidade e do país. Quando não se vive com menos do que isso, como apontam os dados do IBGE. Uma coisa é você pagar R$ 30,00 em uma cartela de ovo, ou em meio quilo de café, recebendo R$ 19 mil por mês, como é o caso dos vereadores da cidade. Agora, ganhando o salário que se paga por aí, é osso.
Fácil mesmo é ir ao supermercado com os lucros dos grandes empresários desta cidade, como os donos das redes de supermercados, redes de farmácias, shopping, montadoras e do boticário. Essa gente acumula bilhões pagando salário de fome para os trabalhadores que produzem toda a riqueza. Eles enriquecem nos impondo trabalhos precários, como a escala 6×1, terceirização, trabalho em jornada intermitente e por aí vai.
Falta óleo de peroba para a cara de pau de Pimentel
Diante da carestia dos alimentos, o prefeito de Curitiba não perdeu tempo para fazer propaganda dos minguados programas de combate à fome de Curitiba. Nesse bolo entram os restaurantes populares, os sacolões da família e os armazéns da família. Então, vamos colocar as coisas na ponta do lápis e ver qual o real alcance desses programas.
Vamos começar pelos cinco restaurantes populares que temos na cidade, que servem refeições no almoço e jantar de segunda à sexta-feira. O preço de cada refeição custa R$ 3. No entanto, os cinco restaurantes juntos servem 5.100 refeições por dia. Este número, que à primeira vista parece grande, se torna um grão de areia na praia quando comparamos com o total de habitantes da cidade. Veja bem, temos aproximadamente 1,8 milhão de habitantes na cidade, ou seja, essas 5.100 refeições atingem apenas 0,28% da população. Sem falar que, das cinco unidades, três estão concentradas no centro da cidade e apenas duas nos bairros mais distantes.
Agora vamos para os sacolões da família. Temos 11 unidades em Curitiba, onde se vende frutas, legumes e verduras. Boa parte dos produtos são vendidos a R$ 3,99 e não todos, como falou o prefeito. O primeiro problema é que alguns produtos podemos encontrar um preço mais em conta em outros estabelecimentos. O segundo é que o espaço físico desses sacolões é completamente insuficiente, bem diferente do que aparece na propaganda do prefeito. Quem frequenta este espaço sabe do que estou falando, o povo tem que fazer a feira esprimido. E cabe lembrar que estes ambientes são frequentados por muitos idosos, que diante do arrocho das aposentadorias precisam economizar cada centavo possível. E convenhamos, 11 unidades, com espaço físico reduzido, para 1,8 milhões de pessoas, parece até piada o prefeito querer contar vantagem com isso.
Os armazéns da família são semelhantes, espaços bem apertados, mas por que Pimentel iria se preocupar com isso, já que são os pobres que fazem compras lá e não ele e seus parças, os super ricos dessa cidade? Os preços também não são bem como a propaganda do prefeito mostra, alguns produtos tem um desconto maior, mas são poucos. Aqui temos um número maior de unidades, 35 armazéns da família, porém, passa longe de ser uma política eficiente para garantir comida barata na mesa do trabalhador.
Como podemos ver Eduardo Pimentel, assim como era o Greca, gasta milhões para fazer propaganda de seus grãos de areia na praia. Suas políticas sociais são irrisórias diante da necessidade da população. O grosso do dinheiro da prefeitura, diga-se o nosso dinheiro, vai para o bolso dos seus amigos empresários, principalmente através das terceirizações, como é o caso do transporte público, saúde e agora as creches, entre outros.
O agronegócio e a responsabilidade dos governos Lula e Ratinho Jr.

Lula e Ratinho Jr Foto Ricardo Stuckert /PR
Queremos retomar o segundo elemento responsável pelo preço dos alimentos, a produção agrícola. O agro é Pop apenas para os grandes empresários do agronegócio. Se é verdade que a crise climática afetou algumas culturas, como a do tomate, também é verdade que o Brasil é o maior produtor de carne e café do mundo. Porém, tivemos uma alta de 39,60% no preço do café e 21,53% no preço da carne. Então o que explica estes aumentos? Ah…também precisamos lembrar que o agronegócio é um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas com desmatamentos colossais.
O problema é que a produção de alimentos está voltada para gerar lucro e atender o mercado internacional e não para colocar comida no prato dos trabalhadores. E mais, o grosso da produção de alimentos está nas mãos de grandes empresários do agronegócio, inclusive empresas internacionais, como a Cargill que é dos EUA. E com o preço dos alimentos cotados em dólar no mercado internacional. E com a alta do dólar lá fora a gente paga o pato aqui, foi isso que aconteceu com o café e a carne.
Diante dessa situação, a política do governo Lula é continuar despejando bilhões para o agronegócio. Tem destinado mais de R$ 400 bilhões por ano ao plano Safra. E cabe lembrar que grande parte dos alimentos, que chegam na mesa dos brasileiros, vem da agricultura familiar e não do agro. Perante a queda na popularidade, o Governo Federal corre para aprovar medidas para zerar os impostos sobre a cesta básica, o que pode até dar um pequeno alívio de imediato. Porém, a gana por aumentar os lucros, das grandes empresas do agro, faz parte do sistema. Logo os centavos que o governo diminuirá sobre os produtos, se diminuir, serão jogados em nossas costas novamente.
Ainda temos que ouvir as besteiras que Lula anda falando por aí, como sua cruzada para descobrir como o preço do ovo aumentou tanto. Ou ainda, sua dica de ouro para o combate à carestia, “se tá caro não compra”. Como se essa já não fosse a realidade dos trabalhadores, caçando promoções, buscando produtos alternativos que afetam a qualidade da alimentação, como o surgimento do café fake.
O governador Ratinho Junior é outro que gasta milhões em propaganda para divulgar os paupérrimos programas sociais. O que ele gosta mesmo é de fazer privatização, entregar o que é público para o setor privado, encher os bolsos e investir bilhões em obras que favorecem o agronegócio. Principalmente para escoar a produção para fora do país enquanto a gente paga R$ 30,00 em meio quilo de café.
Sabemos que o Brasil é o quarto maior produtor de grãos e o maior exportador de carne bovina do mundo. Já o Paraná lidera a produção de soja, milho e cacau no país e tem um dos maiores rebanhos bovinos do país. Para se ter uma ideia, o setor do agronegócio cresceu 227% entre 2019 e 2023 no Paraná, mas como podemos perceber, isso não se reverteu em melhorias na nossa qualidade de vida e sim em mais lucros para esses bilionários, tão estimulados e beneficiados pelo governador.
Tanto Lula como Ratinho Jr andam de mãos dadas com os bilionários do agro. Governam para atender seus interesses. Enquanto aos trabalhadores, sobram dicas “brilhantes” para tentar fugir da carestia dos alimentos.
Uma revolução agrária para enfrentar os monopólios capitalistas
Para resolver a inflação dos alimentos é necessário um conjunto de medidas que reduzam e controlem os preços, garantindo soberania alimentar e comida à população. Isso passa, inevitavelmente, por enfrentar o atual modelo agroexportador que só beneficia um punhado de bilionários que lucram com a dolarização dos preços.
Passa por colocar as terras a serviço de atender as necessidades da população e, para isso, é preciso enfrentar o agro e não despejar bilhões em seus bolsos. É necessário um programa socialista de ruptura com essa lógica do lucro que só será implementado por um verdadeiro governo dos trabalhadores. Leia mais sobre o nosso programa aqui ( link da matéria do jornal)
Duas medidas para aliviar a vida dos trabalhadores curitibanos!
Sabemos que muitas coisas dependem da política nacional e estadual, mas queremos aqui propor algumas medidas municipais para aliviar a vida da nossa classe.
1- Construção de novos restaurantes populares: Criação de pelo menos dois restaurantes populares por bairro. Utilizar os terrenos e imóveis a serviço da especulação para a construção dos restaurantes. Os restaurantes devem ser na modalidade self-service e melhorar a qualidade da comida, principalmente da proteína e incluir uma opção vegana ao cardápio. Além de garantir alimentação adequada e saudável à população, isso será uma política concreta de combate ao machismo, visto que hoje as mulheres fazem dupla ou tripla jornada de trabalho, pelo fato de culturalmente as tarefas domésticas serem atribuídas as sexo feminino.
E todos os restaurantes devem ser controlados por uma comissão do bairro que utiliza os restaurantes e financiado diretamente pela prefeitura, acabando com a terceirização. Os trabalhadores que já trabalham nos restaurantes existentes, devem ser incorporados ao quadro de funcionários da prefeitura.
Criar um plano de produção de alimentos, para subsidiar a produção de alimentos saudáveis dos pequenos produtores rurais de Curitiba e região metropolitana pela prefeitura, que terá o objetivo de atender a demanda dos restaurantes.
2- Ampliar o número de sacolões da Família: construir pelo menos dois sacolões da família por bairro e ampliar os já existentes, garantindo que as pessoas possam fazer suas compras em um ambiente adequado. Reduzir o preço pela metade do quilo das verduras e legumes, ou seja, vender tudo a R$1,99 o quilo.
O abastecimento deve vir também do plano de produção de alimentos, ajudando a desenvolver a agricultura familiar que é a principal fonte de produção de alimentos do país. Os espaços físicos, assim como dos restaurantes populares, devem vir da expropriação de terrenos e imóveis que servem à especulação. Assim como todos os funcionários devem ser concursados garantindo zero terceirização, com a incorporação dos trabalhadores atuais ao quadro de efetivo da prefeitura. Assim como todas as obras devem ser realizadas diretamente pela prefeitura, como parte de um plano de obras para resolver os problemas da população, como saneamento básico e habitações.
Muitos podem nos chamar de utópicos, mas estamos falando de medidas para garantir o básico à população, ter o que comer de forma mais barata. O que podemos dizer de uma sociedade, diante de todo esse desenvolvimento tecnológico, onde as pessoas ainda passam fome ou que para garantir uma alimentação adequada gastamos quase todo o salário? Falida! É o que podemos dizer da atual sociedade. O capitalismo, onde o objetivo da produção é o lucro e não atender as necessidades das pessoas, não nos consegue garantir o mais básico. Para termos o mínimo sempre é necessário muita luta. Enquanto alguns poucos Bilionários concentram cada dia mais riqueza.
Para pôr fim a esse sistema falido vamos precisar de muita luta e organização dos trabalhadores, pois esses poucos que enriquecem com a nossa exploração e miséria jamais vão abrir mão de seus benefícios para facilitar nossa vida. Eles utilizam todo o aparato do estado em seu favor, incluindo as forças policiais para nos reprimir quando ousamos nos manifestar.
Uma sociedade mais justa e igualitária, uma sociedade socialista, onde vamos organizar a produção para melhorar a vida do conjunto dos trabalhadores, não só é possível como necessária. A sociedade atual, além de nos colocar em condições terríveis, tem destruído a natureza de forma irreparável, para garantir seus lucros colocando em risco as condições e continuidade da existência da espécie humana no planeta.