Cerca de 1 milhão de crianças em Gaza enfrentam condições críticas devido ao bloqueio total de ajuda humanitária imposto por Israel desde o início de março, conforme alertou Edouard Beigbeder, diretor regional da UNICEF para o Oriente Médio e Norte da África, ao Al Mayadeen. Após visitar a Cisjordânia e Gaza por quatro dias, ele constatou que os menores estão sem acesso a itens essenciais como comida, água potável e medicamentos, resultado de uma estratégia israelense para pressionar o partido Hamas a aceitar um acordo de prisioneiros mediado pelos EUA. Na última terça-feira (18), ataques aéreos intensos deixaram 426 mortos e 600 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Beigbeder classificou a restrição de suprimentos como uma violação do direito humanitário internacional, afirmando: “as necessidades básicas dos civis devem ser atendidas, com ou sem cessar-fogo, permitindo a entrada de assistência vital”. Ele alertou que novos atrasos podem paralisar serviços essenciais e reverter avanços obtidos durante a trégua anterior, destacando que uma usina de dessalinização em Khan Younis opera a apenas 13% por falta de energia. “Cerca de 4 mil recém-nascidos não têm acesso a cuidados essenciais devido ao colapso das instalações médicas”, acrescentou, notando que vacinas e equipamentos estão retidos há mais de duas semanas.
O Escritório Governamental de Gaza acusou “Israel” de genocídio, afirmando: “esses massacres ocorrem em meio a um cerco sufocante, com todos os cruzamentos fechados, privando 2,4 milhões de palestinos de itens básicos como comida e remédios”. A Oxfam, por sua vez, informou que há 17 dias não entram suprimentos médicos, alertando: “os hospitais estão à beira do colapso”. Beigbeder reforçou: “um milhão de crianças vivem sem o mínimo para sobreviver, mais uma vez”, enquanto o Escritório destacou que a maioria das vítimas é de mulheres, crianças e idosos, evidenciando uma crise humanitária agravada pela retomada dos bombardeios.