Dois policiais militares torturaram e assassinaram Lucas de Almeida Lima, um jovem negro de 26 anos, durante uma abordagem na Avenida Petrobrás, no bairro Jardim Mutinga, em Barueri, Grande São Paulo, no sábado (15). O crime, ocorrido por volta das 17h15, foi registrado por testemunhas em vídeos que mostram os agentes espancando a vítima com socos e chutes antes de executá-la com três disparos à queima-roupa. Lucas estava desarmado e consertava a parte elétrica de um carro a pedido de um amigo quando a viatura se aproximou, desencadeando a sequência brutal de eventos que terminou com sua morte.
Os PMs justificaram a truculência alegando que Lucas correu ao avistar a viatura, o que, para um jovem negro e pobre no Brasil, é uma reação compreensível diante do histórico de violência e abusos da polícia contra essa população. Isso, no entanto, não dá aos agentes o direito de submeter alguém a espancamentos, torturas e execução sumária. Imagens captadas por motoristas mostram um policial imobilizando Lucas enquanto outro o agride violentamente. Em um segundo momento, já na calçada, o jovem tenta se defender, agarrando a arma de um dos PMs, e é então alvejado mortalmente – duas vezes já caído, sem chance de reação. O dono do carro, presente no local, confirmou que Lucas não tinha envolvimento com crimes e apenas prestava um favor.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que os policiais foram afastados e que o caso está sob investigação por um Inquérito Policial Militar (IPM) e pela Polícia Civil de Barueri. A pasta tenta se eximir, chamando a PM de “instituição legalista” e prometendo “medidas cabíveis” se irregularidades forem constatadas. Mas esse discurso vazio não apaga a realidade: a polícia brasileira, como um todo, funciona como uma organização criminosa, marcada por uma rotina de abusos, torturas e assassinatos impunes. O caso de Lucas não é exceção, mas regra em um sistema que age como máquina de extermínio, especialmente contra negros e periféricos.
A execução de Lucas expõe, mais uma vez, a natureza irreformável da polícia no Brasil. Não se trata de “desvios de conduta” ou “maçãs podres”, como a SSP insinua, mas de uma estrutura que opera fora de qualquer controle, com violência como método padrão. Correr de uma viatura, num contexto em que ser abordado pode significar a morte, não justifica o que aconteceu. A polícia não só falha em qualquer pretensão de segurança, como é a principal fonte de terror para boa parte da população. Extinguir essa corporação criminosa é a única resposta coerente diante de crimes como esse, que se repetem diariamente sem punição efetiva.
Os vídeos, amplamente divulgados, são prova inequívoca da barbaridade. Lucas foi massacrado e morto sem chance de defesa, enquanto os PMs seguem protegidos por um sistema que encobre seus atos. A investigação anunciada é apenas mais uma formalidade para arquivar o caso, como tantos outros. A polícia brasileira não merece reforma ou confiança – ela deve ser dissolvida por completo.
