O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes decidiu, nesta terça-feira 18, revogar as medidas cautelares impostas ao padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco (SP), no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022.
O padre estava proibido de manter contato com os demais investigados, de se ausentar do Brasil e de participar de eventos militares. Moraes mandou devolver o passaporte e outros bens de Silva apreendidos no curso da apuração.
A PF indiciou o padre no inquérito do golpe, mas a Procuradoria-Geral da República não o denunciou ao STF.
A investigação identificou que ele chegou a repassar via WhatsApp uma espécie de “oração ao golpe”, na qual pedia a todos os brasileiros que incluíssem em suas preces os militares que poderiam se envolver na conspiração.
José Eduardo enviou a mensagem em 3 de novembro de 2022, logo após a vitória de Lula (PT) na disputa presidencial. Constariam da oração o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e outros generais, como Estevam Teophilo, à época chefe do Comando de Operações Terrestres.
Na mensagem, o padre pedia “para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários público (sic) de farda”.
José Eduardo nasceu em Piracicaba, no interior de São Paulo. Sua fama na internet começou em 2017, após ele sugerir a criação de um “calmante em forma de supositório” e dizer que tinha “saudades dos tempos em que o banheiro servia só para necessidades fisiológicas e não para exibicionismos de autoafirmação sexual”.
Segundo os investigadores da PF, o religioso participou de uma reunião com Bolsonaro em Brasília para cuidar de “tratativas com militares de alta patente sobre a instalação de um regime de exceção constitucional”. A defesa do padre negou qualquer envolvimento dele na trama golpista.