A mobilização nacional convocada pelas Centrais Sindicais nesta terça-feira (18) visa alertar a população sobre os malefícios para a economia dos altos juros praticados no país. Os atos ocorrem em capitais como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF) com apoio de movimentos estudantis e da sociedade civil.
Ao final dos dois dias de encontro, na quarta (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciará a nova taxa básica de juros, a taxa Selic, com a expectativa negativa pelo aumento dos atuais 13,25% para 14,25% ao ano.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, durante o ato na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), em frente a um dos prédios do Banco Central, disse aos manifestantes que o momento é de diálogo com a sociedade para explicar o quão prejudicial é para todos o alto patamar dos juros.
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Em seguida, Adilson questionou: “Faz sentido uma economia em crescimento como a nossa, que segundo a OCDE é uma das economias que mais cresceu no mundo, seguir praticando uma taxa de juros absurda? Não é razoável que o Banco Central, que o Conselho Monetário Nacional, sirvam de antessala para os interesses do grande capital”, afirmou.

Em referência ao julgamento do STF sobre a denúncia contra Jair Bolsonaro e outros sete acusados de tentativa de Golpe de Estado, marcado para o dia 25 de março, o sindicalista aproveitou para convocar os trabalhadores, estudantes e demais representantes da sociedade a ficarem de plantão para “varrerem” juntos com a extrema direita a “Turma da Faria Lima” (em referência ao mercado financeiro).
“Temos que varrer junto essa turma da Faria Lima que pratica medidas que só fazem prejudicar o povo. O sentido dos juros altos, muitas vezes, é difícil para o povo entender. Porque a imprensa está pouco ou quase nada preocupada em esclarecer qual a relação dos juros altos com a indústria. Toda e qualquer economia do mundo está indicando que para enfrentar o problema da grave recessão é necessário reduzir juros, melhorar o consumo das famílias e indicar um processo de reindustrialização”, explicou Araújo.




Em seguida, o presidente da CTB destacou que “ninguém votou para eleger presidente do Banco Central” (que é de indicação presidencial) ao questionar a autonomia do BC, uma vez que de autônoma a instituição está muito atrelada aos interesses do mercado financeiro, o que torna a sua atuação, na maioria das vezes, contrária aos interesses nacionais. Ele também falou na possibilidade de uma Greve Geral como forma de demonstrar a insatisfação da classe trabalhadora com os juros altos.
“Não demos e não vamos dar autonomia ao Banco Central. O que nós precisamos é colocar o pé na porta e dizer: ou se altera o curso da política macroeconômica, ou vamos ter que convocar uma Greve Geral. Uma Greve Geral que possa dialogar com a necessidade de resolver o problema da carestia dos alimentos, para romper com essa lógica capitalista que ao invés de investir na produção, fica especulando no mercado financeiro. Sabe por quê? É muito mais rentável comprar título de juros da dívida do que investir mais em equipamento”, disse.
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Ele também destacou o cálculo que revela que para cada um por cento acrescido na taxa Selic, como agora o Copom pretende aumentar, são R$ 40 bilhões a mais em despesas pagas em juros pelo governo ao ano. Adilson ainda ressaltou dados do próprio BC quem mostram que em 2024 o Brasil gastou quase um trilhão com juros da dívida pública.
“Para romper essa ordem vamos ter que fazer muita movimentação, sobretudo, enfrentando essa grande batalha, porque essa extrema direita, esses bolsonaristas desavergonhados, pressionam o governo para que não corte o imposto sobre os alimentos. Lula vai isentar em R$ 5 mil, mas só de falar que vai ter isenção do Imposto de Renda, eles estão furiosos, porque que querem que os ricos possam comprar jatinho, iate, helicóptero, sem pagar imposto. Temos que fazer uma grande aliança entre a produção e o trabalho para romper a lógica do neoliberalismo”, concluiu Adilson Araújo.


