Brasil-Vietnam: possibilidades de expansão da corrente de comércio e investimento
por Mario Cordeiro de Carvalho Junior
Após duas visitas oficiais ao Brasil, em 2023 e 2024, do Primeiro Ministro da República Socialista do Vietnam Pham Minh Chinh, finalmente o Presidente Lula será o primeiro mandatário brasileiro a visitar oficialmente este país. Há uma meta quantitativa firmada pelos dois governos de elevar em cinco bilhões de dólares em termos absolutos a corrente de comércio bilateral até 2030. Do ponto de vista vietnamita o objetivo deles é, de um lado, conseguir firmar um acordo de livre comércio – ALC- entre o Mercosul e o Vietnam, e, do outro lado, obter reconhecimento por parte do Brasil do status de que a economia do Vietnam é uma economia de mercado.
No tocante ao ALC, ainda que os estudos favoráveis que recomendariam a assinatura desse acordo já foram feitos desde o Governo Bolsonaro, e suas conclusões e intenções de política foram mantidos e referendados pelo atual Governo, o fato a destacar é que as divergências em relação ao nível da tarifa externa comum observadas entre os países membros do Mercosul apontam que este ALC poderá não ser assinado ao longo do próximo biênio.
Por sua vez, para o caso de obter status de economia de mercado pelo Vietnã por parte do Brasil – como ocorreu com à China nos anos noventa do século passado – parece que há simpatia do atual governo em firmar esse compromisso, ainda que se recomende prudência em se estabelecer clausulas de salvaguarda como ocorreu com a China seguindo os moldes do GATT/OMC.
Essas salvaguardas devem ser impostas na outorga desse status no caso de haver crescimento acentuado das importações e deslocamento da produção doméstica devido aos diferenciais de competitividade observados entre o Vietnã e o Brasil, sendo isso passível de ocorrer notadamente nos bens e serviços de partes e peças das indústrias de suporte à produção industrial. Vale lembrar, que o setor de suporte à indústria no Vietnam é um exemplo inspirador de catching up tecnológico que deveria ser visitado, e, sobretudo conhecido por tomadores de decisão do Governo Brasileiro, quanto também por membros das instituições gestores do Programa Brasil Mais Produtivo – notadamente o Senai e o Sebrae -, e das instituições de desenvolvimento estaduais.
Apesar desses riscos e incertezas, a visita do Presidente Lula e sua comitiva ao Vietnam abrirá uma janela de oportunidades para a cooperação econômica e de investimentos mútuos entre os dois países, e, inclusive deveria priorizar o incentivo à formação de joint ventures para a criação e transferência de técnica e tecnologia entre as empresas vietnamitas e as brasileiras. Do ponto de vista brasileiro, esse esforço de promoção para uma maior cooperação empresarial inter-firmas entre o Brasil e o Vietnam poderá ser feito de modo focado nas empresas nacionais que já estão engajadas no esforço nacional da NIB – Nova Indústria Brasil –, e também se deve seguir os princípios da Política de Cultura Exportadora brasileira.
Um primeiro passo é ter um conhecimento mais preciso das bases que vão permitir para que seja dado um salto nas relações de comércio e investimento entre o Brasil e o Vietnam. Há, hoje, cerca de 140 vietnamitas morando e trabalhando no Brasil. E, no, Vietnam, há cerca de 150 profissionais vietnamitas que são fluentes em português – ainda que com acento angolano ou moçambicano – aptos para trabalharem em prol do crescimento das relações bilaterais Brasil e Vietnam.
Por sua vez, jogadores brasileiros de futebol já defenderam as cores da seleção vietnamita, e, inclusive já são cidadãos daquele país. Há ainda morando e trabalhando naquele país, e talvez fazendo remessas de divisas para o Brasil cerca de: a) 50 engenheiros catarinenses que trabalham em empresa vietnamita de ponta de carros elétricos; b) 300 pilotos brasileiros de aviação que trabalham nas diversas companhias áreas – estatais ou privadas – vietnamitas; e c) um pequeno e reduzido de profissionais ligados à indústria criativa de arquitetura e construção civil. Isso é um indicio de potencial de exportação de serviços técnicos especializados do Brasil para o Vietnam.
Há – hoje – presença de investimentos e controle por empresas brasileiras, no Vietnam, nas seguintes atividades: a) de importação e distribuição de álcool exportado do Brasil para consumo humano executado por um braço local de uma grande engarrafadora de bebidas de cerveja brasileira; b) de importação, processamento, distribuição e venda de couros e suas partes oriundos do Brasil por um braço local de um grande frigorífico brasileiro para serem usados pelas empresas fabricantes de calçados no Vietnam que são muito especializadas para atender o consumidor estrangeiro; e c) em função de ter obtido os primeiros pedidos de compra de uma grande encomenda de aviões comerciais e militares, uma empresa aeronáutica brasileira deverá em breve montar uma warehouse de prestação de serviços e manutenção de aeronaves como uma base de apoio e presença nesse mercado como essa empresa fez no passado nos EUA e na China para firmar sua entrada e presença nesse mercado promissor de aviação.
Considerando que o Vietnam tem um conjunto expressivo de empresas de aviação privada ou pública, está começando a haver demanda por bens e serviços de reparos de aeronaves brasileiras, há comandantes de avião brasileiros pilotando os aviões das companhias de aviação vietnamitas, e, essas empresas ainda não têm linhas regulares de voo entre o Brasil e o Vietnam, então está na hora do governo brasileiro – durante a viagem do Presidente Lula – propor que a empresa estatal vietnamita ou a uma aliança entre as empresas de aviação privada e pública do Vietnam avaliem a possibilidade de montar dois voos semanais com tarifas para low cost tourism entre o Brasil e o Vietnam, e, assim se tornar num hub aéreo para atrair turistas low cost para o Brasil.
Montar uma linha de aviação entre Hanoi/Saigon e Rio de Janeiro/São Paulo incentivaria, de um lado, o turismo receptivo low cost da Asia para o Brasil ( sobretudo para o Rio de Janeiro), e tendo Hanói ou Saigon como aeroportos Hubs. Isso viabilizaria que houvesse um afluxo expressivo de turistas para o Brasil, tendo como porta de entrada a Cidade Maravilhosa, pois esta já tem uma estrutura de hospitalidade de low cost capaz de atender dois voos semanais com turistas vietnamitas e asiáticos. Com dois vôos semanais, se poderia incentivar a associação ou criação de DMCS ( Destin Management Company) entre os brasileiros e os vietnamitas para atrair grupos de turistas para virem conhecer o Rio de Janeiro com um orçamento e um preço apropriado à renda média e ao padrão asiático e vietnamita.
Por outro lado, com essa linha de aviação se poderia viabilizar o turismo emissivo, principalmente low cost de São Paulo para o Vietnam. Essa mesma DMC poderia montar pacotes para grupos paulistas mostrando que se eles forem ir surfar nas praias de ondas naturais no Vietnam – atual paraíso de surfistas do Vale do Silício na Califórnia – é mais radical e natural que surfar em São Paulo onda mecânica em piscina de condomínio fechado, e, com custo em dólares até menor, e, sobretudo, mais apropriado para viver uma experiência de wellness melhor que em Maresias!
Isso é um indicio do potencial de crescimento da corrente de comércio de turismo entre o Brasil e Vietnam, e, caso a linha de voo regular seja implantada haverá ainda lastro nos porões dessas aeronaves para incentivar as exportações e importações entre os dois países de pequenos volumes de carga área a ser transportada por avião. Em outras palavras, com o crescimento do turismo, haverá uma externalidade no tocante ao transporte internacional entre os dois países. Só falta decisão política para que esse tema entre na agenda governamental, e, vale lembrar que ainda há slots e fingers vazios no Galeão no Rio de Janeiro, que podem atender às demandas da companhia vietnamita para aterrissar e decolar desse aeroporto, apesar do crescimento da quantidade de turistas que transitaram nos últimos meses nesse recinto.
Há máquinas sofisticadas tecnologicamente e/ou conhecimento de biotecnologia com potencial para incrementar o comércio exterior entre os dois países. Em breve, uma missão de produtores e exportadores de café do Espirito Santo irá a uma feira do Vietnam para conhecer porque a produtividade na colheita do café naquele país é superior à do Brasil. Inclusive, o MAPA deveria organizar uma visita técnica de produtores e exportadores de pimenta do Brasil ao Vietnam para entender porque há uma diferença de cerca de 300 dólares por tonelada nas bolsas de mercadoria internacional entre os preços desta commmodity produzida e comercializada no Vietnam vis à vis ao produto nacional. O diferencial de produtividade pode ser creditado basicamente às maquinas made in Vietnam desenvolvidas por empresas estatais que têm como objetivo e missão empresarial criar tecnologia que melhore o processo de limpeza e separação dos grãos de café e de pimenta, e, reduza a presença de microrganismos que podem vir a acelerar a mutação e coloração do produto café ou pimenta de exportação do Vietnam para o mundo. Para que os produtores e exportadores brasileiros tenham acesso a esse maquinário faltará apenas que os bancos vietnamitas junto com os bancos oficiais de desenvolvimento do Brasil celebrem acordos de co-financiamento para a compra e a difusão, aqui no país, desse maquinário único em termos mundiais para melhorar a competitividade e produtividade dos produtores rurais localizados no Brasil de café e pimenta.
Por outro lado, há uma demanda por parte dos produtores rurais do Vietnam em quererem adquirir genética de bovinos premiados em bancos de semem nacionais ou até comprar bovinos em pé para começarem a engordar e reproduzir no Vietnam. Havendo transporte aéreo é provável que a aquisição e o transporte do material genético congelado possam ser montados e estruturados apesar da distância geográfica, e das exigências fitossanitárias associadas. Esse tipo de demanda por conhecimento é um indicio de potencial de exportação de bens especializados a ser ofertados de forma direta por fazendeiros/produtores rurais do Brasil para o Vietnam. E, considerando que os vietnamitas gostariam de ter ainda assistência técnica e estabelecer parceria com os nossos fazendeiros/produtores rurais para aprender o processo de cria, engorda e recria nacional de bovinos se abre espaço para a internacionalização direta a ser feita por uma maior presença dos boiadeiros nacionais que queiram transformar o rural vietnamita, como fizeram no Brasil. De fato, cabe lembrar que essa demanda é fruto direto do aumento da renda média da população local vietnamita, pois o país como um todo está a escapar da armadilha de renda média.
Vale lembrar ainda que a demanda por carnes – bovinos, aves, e porcos – é crescente. Inclusive, há uma demanda excessiva por pés e pescoços de galinha – uma iguaria da culinária local. Atender a essa demanda, quanto de outras commodities como soja haverá de requerer uma presença maior das empresas brasileiras produtoras desses bens em função tanto dos regulamentos fitossanitários a cumprir, quanto pela exigência ou existência de quotas e critérios de importação a serem atendidos em função de haver ainda forte presença do Estado na importação desses bens. Saudável seria que as empresas exportadoras nacionais desses bens firmassem contratos de representação e distribuição desses seus bens no Vietnam com alguns dos residentes daquele país que falam português, pois assim se aumentaria o volume exportado de forma mais rápida, pois essas empresas nacionais teriam um tipo de agente próprio para comercializar os diversos tipos de carnes brasileiras no Vietnam. E, esses falariam diretos com o Brasil em português sem passar do vietnamita para o inglês e depois para o português, o que torna um risco e uma incerteza quando o assunto é regulamentos fitossanitários para a exportação de carnes.
Uma característica singular que existe nas casas vietnamitas é o uso de adornos em pedras de ametistas para reverenciar os antepassados. Em função disso, há uma demanda latente por esses bens do Brasil, principalmente das pedras extraídas no Rio Grande do Sul. Há ainda possibilidade de exportação de rochas ornamentais – mármores e granitos – do Brasil para o Vietnam.
Por sua vez, no tocante às importações brasileiras provenientes do Vietnam há três grupos de produtos com grande potencial de serem vendidos no Brasil, a saber: calçados, vestuário e partes e peças da indústria mecânica, metalurgia, elétrica e eletrônica como suporte às indústrias de transformação. Na área de calçados e de vestuário pode haver um aumento do comércio intra–indústria no setor visto que os produtores do Vietnam se especializaram em fabricar por demanda para a exportação produtos de grifes europeias ou norte-americanas; e vendem para o mercado doméstico um produto bom – não cópia – a um preço que atende ao padrão da população local.
Inclusive, há noticias de que antes da pandemia, algumas redes nacionais de varejo que faziam sourcing na China de vestuário começaram a fazer compras iniciais no Vietnam. Mas, com o advento de plataformas oriundas da China no varejo nacional, esse movimento arrefeceu. Hoje, uma possibilidade para aumentar as compras do Vietnam notadamente de vestuário de melhor qualidade seria incentivar que algumas marcas de luxos brasileiras viessem a iniciar a fazer sourcing naquele país. Contudo, o elevado custo de capital observado no Brasil e dado o tempo para a realização do ciclo de realização de um sourcing desde a aquisição dos insumos à sua transformação em bens até a sua efetiva venda e recebimento no Brasil faz com que na prática essa estratégia seja descartada pelos detentores das marcas de luxo brasileiras. Demais, a atual fragilidade das redes de varejo nacional decorrência da competição enfrentada contra as plataformas chineses recomendaria que fossem envidados esforços para que as empresas vietnamitas produtoras de calçados e vestuário fossem visitadas pelos compradores das redes de varejo nacionais para identificar se se poderia haver sinergia para que esses novos fornecedores asiáticos pudessem vir a colocar e vender seus produtos nas plataformas ou lojas dessas empresas no Brasil, e, seguissem eventualmente a lógica do remessa on line.
Ainda que somente uma grande empresa de varejo nacional tenha feito um acordo empresarial com uma plataforma chinesa para montar e implantar uma estratégia como a descrita acima, o mais provável é que o consumidor médio nacional possa não ter acesso aos produtos de sapatos e vestuário vietnamitas a preços e qualidade compatível ao padrão de renda brasileira por desinteresse das redes de varejo nacional em explorar esse novo modelo de negócio internacional.
Uma estratégia passível para viabilizar o acesso pelo consumidor brasileiro a esses produtos made in vietnam seria que a associação de empresas produtoras de calçados e vestuário do Vietnam fizessem roadshow presencial e virtual, no Brasil, para identificar, incentivar, criar, e estruturar que jovens mulheres brasileiras pudessem atuar diretamente em consonância com as empresas vietnamitas produtoras de calçados e vestuários como sendo digital trade promoter, dropshiping, e detentoras de suas lojas de e-commerce em plataformas de vendas e pagamentos nacionais que atendem tanto o Brasil quanto a América Latina.
Inclusive tudo isso poderia ser regulado e operado segundo as normas e regulações determinadas pela receita federal para as operações de pequenos lotes e valores. Essas jovens mulheres poderiam até se regularizar perante o sistema RADAR de importação, como sendo pessoa jurídica ou física. E, ao fazerem isso, o regime fiscal de tributação de importação será o normal – mais racional e com menor valor tributável – que o regime tributação única usada no caso da remessa on line.
Ao estabelecer como política de Governo – pelo lado do Brasil – essa forma de cooperação econômica direta entre as empresas de calçados e vestuários do Vietnam com as jovens mulheres brasileiras de 15 a 29 anos – principalmente aquelas que estiverem no CADUNICO do MDS e pudessem ser objeto do recente programa Acredita desse ministério – haveria oportunidades de se empreender e o melhor é que estas sairiam da linha de pobreza por meio de sua inserção no comércio internacional.
Inclusive se essas jovens mulheres tiverem uma capacitação básica sobre o processo produtivo e as inovações em curso no setor de vestuário e de calçados feito em instituições como o Senai ( nacional e estadual) e a Embrappi têxtil, essas jovens mulheres saberiam aprender a usar nas vendas tanto a manufatura aditiva e os desenhos, quanto a modelagem e a história do mundo fashion e da moda e do estilo brasileiro para da produção desses bens de consumo. O aprendizado de técnicas de manufatura aditiva e seu desenho em computadores permitirá que se reduzam as idas e vindas de amostras entre comprador e vendedor entre o Brasil e o Vietnam. E, inclusive estimularia que a consumidora brasileira quisesse adquirir produtos exclusivos de vestuário e calçados que poderiam ser desenhados de forma cooperativa entre estilistas brasileiras e vietnamitas e impressos em fab labs no Brasil que tivessem impressores 3 D dedicadas à produção de calçados e vestuário. Esses fab labs poderiam ser montados por essas jovens mulheres desde que essas apresentassem bons planos de negócios internacionais para terem acesso aos recursos de financiamento previstos no Programa Acredita do MDS.
Mais ainda, incentivar essa estratégia de inserção internacional focados em jovens mulheres despertaria o espirito de SER TRADER, de mindset global, e, sobretudo, viabilizaria que o consumidor brasileiro pagasse um preço justo na importação de um bem de calçado e vestuário – recolhendo imposto de importação, imposto de produto industrializado, imposto de circulação de mercadorias, e contribuições e taxas – mais baixo que o regime de tributação especial das “blusinhas” usados no programa remessa on line conforme. E, até poderia melhorar a avaliação do atual governo visto que um dos fatores da queda de sua popularidade observada no momento presente foi à incidência da taxação injusta na importação do programa remessa conforme criado pela Receita Federal do atual Governo Brasileiro.
Finalmente, o último grupo de produtos potenciais a serem importados do Vietnam é aquele constituído das partes e peças da indústria mecânica, metalurgia, elétrica e eletrônica usadas como suporte às indústrias de transformação. De fato, cabe destacar que são cerca de 300 empresas vietnamitas que fazem parte desse segmento, e apresentam produtividade no chão de fábrica, preços competitivos, tecnologia em linha com a boa prática de fabricação internacional, e, ainda possuem experiência de exportar via sourcing para o Japão, Europa e Estados Unidos. Essas empresas fazem parte de um processo de catching up tecnológico que foi incentivado notadamente por meio de cooperação econômica e técnica entre os governos do Japão e do Vietnam. O Japão, por sua vez, difundiu nesse grupo de atividade econômica suas práticas de Kaizen, TQM, e métodos de produção Toyota por meio da sua agência de promoção JIICA. Concomitantemente ensinou a usar o tool do kaizen como um vetor de desenvolvimento e fez ainda empréstimos em moeda japonesa para ajuste estrutural da economia. De quebra, incentivou o estabelecimento de contratos de transferência de tecnologia ou de formação de joint ventures entre empresas japonesas e vietnamitas. Essa ação vem desde o fim dos anos noventa do século passado, cujo resultado- grosso modo – são que existem cerca de 300 empresas vietnamitas pró-exportadoras e competitivas internacionalmente de partes e peças da indústria mecânica, metalurgia, elétrica e eletrônica.
Cumpre destacar que essas empresas para venderem para o Brasil precisarão fazer uma venda técnica onde o/a trader de preferência localizado no Brasil domine as novas tecnologias de fabricação principalmente por que deverão apresentar às empresas nacionais que compõem a indústria de transformação brasileiras soluções e desenhos em 3D de partes e peças que podem ser fabricadas no Vietnam a partir das especificações, normas e regulamentos nacionais. Além de ter programa e saber usar modelagem em 3D para efetivar a venda técnica o/a trader brasileiro deveria ter um tipo de fab lab hibrido de manufatura aditiva com impressora 3 D para imprimir moldes precisos para validar os modelos do ponto de vista técnico e de preços que venham a ser processados em largo volume no Vietnam em nome do importador brasileiro. A partir dessa venda técnica se pode de fato incentivar a maior cooperação e eventual formação de joint ventures entre empresas vietnamitas e brasileiras numa área em que o Brasil está bem atrás na fronteira tecnológica de produção.
Importa ressaltar que através do Programa Acredite do MDS se poderia focar nas jovens mulheres para saberem fazer vendas técnicas para o comércio exterior e virarem a ser traders de partes e peças da indústria mecânica, metalurgia, elétrica e eletrônica, e que sejam beneficiárias do CADÙNICO se houver acesso aberto aos dados expostos no site https://dados.gov.br/dados/reuso/9. Abertos esses dados, a seguir, se poderá cruzar esses informações com os dados que constam na base https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informação/dados-abertos em que se pode identificar as jovens mulheres que ao longo da sua vida escolar estão investindo no seu processo de aquisição de capital humano como beneficiária do CADÚNICO para ser técnica ou futura engenheira.
Desse modo, com um programa de capacitação focado nesse grupo de mulheres – participantes do CADÚNICO que tenham skills com base em STEAM se terá por meio de qualificação específica um conjunto de profissionais que tanto resolveram problemas de produção e aquisição de partes e peças no chão de fábrica, como saberão identificar aonde produzir esses lotes, tanto no Brasil, e, quiçá no Vietnam.
Por isso, ao final da visita do Presidente Lula deveria ser lançado um programa de cooperação bilateral com vistas a priorizar e incentivar à formação de joint ventures para a criação e transferência de técnica e tecnologia entre as empresas vietnamitas e as brasileiras, notadamente para o setor de indústrias de suporte ao setor de transformação industrial. Do ponto de vista brasileiro, é hora de juntar os esforços do Programa Brasil Mais Produtivo de competência do Sebrae e do Senai, e do Acredita do MDS como os recursos do Programa de Atração de Investimento Externo da APEX. A razão de se sugerir pró-atividade ao Governo e suas agencias especiais é que o empresário vietnamita é hoje comprado via sourcing, e não vende internacionalmente.
Dado que o dragão de querer e poder vender para o exterior ainda não foi despertado e se difundiu na cultura empresarial vietnamita há espaço para se adotar uma negociação ganha-ganha se as sugestões aqui descritas venham a ser adotadas e assim se realizará com facilidade e rapidez as POSSIBILIDADES DE EXPANSÃO DA CORRENTE DE COMÉRCIO E INVESTIMENTO ENTRE O BRASIL E O VIETNAM.
Mario Cordeiro de Carvalho Junior – Professor da FAFUERJ.
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