Gilberto Gil: cantor inicia turnê de despedida com performance vigorosa e homenagem à filha Preta. Foto: Divulgação

No sábado (15), Gilberto Gil realizou a estreia de sua última grande turnê, intitulada Tempo Rei, no palco da Arena Fonte Nova, em Salvador. O cantor e compositor de 82 anos, que se apresenta pela última vez em grandes espetáculos após 60 anos de carreira, dedicou o show à filha, Preta Gil, que enfrenta uma batalha contra o câncer.

Na véspera, Preta havia recebido alta da UTI de um hospital particular da cidade, onde foi tratada de uma infecção renal. Mesmo em um momento delicado, Preta assistiu à apresentação de seu pai em um camarote do estádio.

Antes de iniciar a canção “Drão”, composta para Sandra Gadelha, mãe de Preta, Gil fez uma homenagem à filha: “Esse show é para todos nós que estamos aqui, mas, principalmente, para a minha filha Preta, que está sentadinha ali. Uma música para a senhora”, disse o músico, enquanto imagens de Preta na infância eram projetadas no telão.

Com mais de 40 mil pessoas lotando a Arena Fonte Nova, o show começou com um pequeno atraso de 30 minutos, mas isso não diminuiu a energia de Gil, que impressionou com seu vigor durante as 2 horas e 20 minutos de apresentação. O artista navegou por sua vasta carreira, destacando diferentes estilos e ritmos, como o samba, o forró, o rock e as canções de amor.

A apresentação foi marcada por um repertório que abrangeu diversos momentos da carreira de Gil. O espetáculo teve direção de Rafael Dragaud e cenografia de Daniela Thomas, criando uma atmosfera que combinava nostalgia com inovação.

Ele iniciou a apresentação com “Palco” e seguiu com “Banda um”, um pedido especial de sua esposa, Flora, antes de tocar a faixa-título “Tempo Rei”. Ao se dirigir ao público, Gil declarou: “Boa noite, Salvador, bem-vindos à turnê de Tempo Rei, essa despedida dos grandes espetáculos que venho fazendo nesses 60 anos.”

Acompanhado por 16 músicos, Gil trouxe novos arranjos para várias de suas 29 canções. O show não foi apenas uma celebração de sua obra, mas também um reflexo das influências culturais que marcaram sua trajetória. A plateia se emocionou com faixas como “Eu só quero um xodó”, de Dominguinhos, e “Eu vim da Bahia”, de Dorival Caymmi, além de grandes sucessos como “Procissão” e “Domingo no parque”, ambas de 1960.

Em um dos momentos mais intensos da noite, Gil e Chico Buarque recordaram a censura imposta pela ditadura militar com a música “Cálice”. Durante a exibição de um depoimento de Chico Buarque no telão, um coro de parte da plateia gritou “sem anistia”, quando imagens de vítimas da ditadura, como o deputado Rubens Paiva, surgiram.

Gil também compartilhou com o público como a visita à Nigéria, nos anos 1970, influenciou sua música, especialmente nas fases de Refazenda e Refavela. Em seguida, ele embalou a plateia com clássicos do reggae, como “Não chores mais” e “Vamos fugir”, além de mostrar sua veia rock com “Punk da periferia”. O ponto alto da noite aconteceu quando, ao cantar “A gente precisa ver o luar”, o público se encantou com a lua cheia que surgia no céu da Arena Fonte Nova.

O show também contou com participações especiais. Russo Passapusso, vocalista do BaianaSystem, se juntou a Gil para cantar “Emoriô”, enquanto a atual Ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez uma aparição em “Toda menina baiana”. O encerramento foi vibrante com “Esperando na janela” e “Aquele abraço”, quando Gil ainda se arriscou em uma sambadinha divertida.

Rafael Dragaud, o diretor do espetáculo, afirmou: “O show não é enciclopédico, vai e volta conforme Gil. Queríamos um show de música sem tanta tese, para que as pessoas lembrem as melhores referências do Brasil. E que visão nos faria mais bem do que Gil?” A resposta, claro, é nenhuma.

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Last Update: 16/03/2025