O desembargador Renato Sussel, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, mandou suspender a nomeação de delegados da Rede Sustentabilidade que não integram o censo partidário divulgado pelo Executiva estadual da Bahia. A ordem assinada nesta sexta-feira 14 representa um revés ao grupo da ex-senadora Heloísa Helena na queda de braço contra a ministra Marina Silva.
De acordo com a ala adversária, os aliados de Helena teriam realizado filiações em massa sem ouvir a direção estadual da Rede e com violação às regras partidárias.”A eventual participação irregular dos delegados indicados pela Comissão Executiva Nacional poderá macular a validade das deliberações tomadas no âmbito da conferência plenária nacional do partido”, escreveu o juiz.
A convenção estadual ocorreu no último dia 8. Os delegados em questão votariam no próximo líder nacional da sigla em congresso previsto para acontecer em abril. O partido vive uma crise interna há anos entre os grupos liderados por Marina e Heloisa, com trocas de acusações e guerra de ações judiciais pela ocupação de espaços e distribuição de recursos financeiros.
Hoje no comando da legenda, a ala ligada à ex-senadora tentam emplacar o atual secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, Paulo Lamac, como próximo porta-voz da Rede. O grupo da ministra do Meio Ambiente defende o nome de Giovanni Mockus, cuja candidatura foi lançada no início do mês em Salvador.
O racha no partido tem como pano de fundo algumas divergências relacionadas à base teórica da agremiação. Enquanto Marina se declara “sustentabilista”, Heloísa defende o “ecossocialismo”, que associa a preservação ambiental à mudança do sistema econômico. As duas foram aliadas no passado. Entre 1999 e 2003, por exemplo, dividiram a bancada do PT no Senado.
A ex-senadora deixou o diretório petista em 2003 após votar conta à reforma da Previdência proposta pelo primeiro mandato de Lula. Heloísa ajudou a fundar o PSOL e, depois, juntou-se a Marina quando a ambientalista criou a Rede Sustentabilidade, em 2015.
Nos últimos anos, as diferenças das duas ficaram evidentes. Em 2022, Marina apoiou a eleição de Lula, enquanto Heloísa esteve ao lado de Ciro Gomes (PDT). No ano seguinte, a ex-senadora propôs a fusão da Rede com o PT ou PSB. Marina, por sua vez, liderou um abaixo-assinado nacional defendendo a autonomia partidária.
A tensão aumentou quando, ainda em 2023, Heloísa Helena lançou uma chapa contra a ala de Marina para o comando nacional da Rede e venceu a disputa.