A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a morte da jovem Clara Maria, de 21 anos, que teve o corpo encontrado na quarta-feira 12, em Belo Horizonte, com a ajuda do Corpo de Bombeiros. A jovem estava desaparecida desde o dia 9 de março.
O corpo foi encontrado enterrado e coberto por uma camada de concreto em uma casa no bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha, em BH.
Segundo a Polícia, a jovem teria sido atraída para uma emboscada por um ex-colega de trabalho, que prometeu acertar uma dívida de 400 reais que devia à vítima há cerca de três meses.
Três homens foram presos pelo crime de feminicídio: Thiago Schafer Sampaio, ex-colega de trabalho, que confessou o crime, e mais dois comparsas, Lucas Rodrigues Pimentel e Kennedy Marcelo da Conceição Filho.
Kennedy foi ouvido pela polícia e liberado em seguida. Ele segue como investigado, mas não é considerado suspeito, já que não ficou configurada a participação dele no crime.
O desaparecimento
Um amigo que morava com Clara Maria narrou que, no dia de seu desaparecimento, a jovem foi encontrar um ex-colega de trabalho, após finalizar o expediente na padaria em que trabalhava, para receber o pagamento de uma dívida.
Ele narra que, por volta das 22h45, recebeu uma mensagem pelo celular da jovem, que dizia que ela já teria pego a quantia e estaria voltando para casa. E que, horas depois, estranhou o fato de Clara não chegar, já que o trajeto duraria cerca de 10 minutos.
O amigo disse que chegou a ligar para ela algumas vezes até que, por volta da 00h30, recebeu outra mensagem que dizia: “Oi, estou bem. Estou ocupada agora”.
Aos policiais, o homem disse que estranhou a forma como ela respondeu, e que seguiu tentando contato com a jovem via celular mas, que só no dia seguinte, recebeu uma nova mensagem em que ele era chamado de ‘amiga’, fato que estranhou.
O amigo tentou contato com o ex-colega de trabalho com quem ela foi buscar a quantia devida, mas não conseguiu. Ainda na segunda-feira, os celulares dele e de Clara Maria pararam de receber mensagens e ligações.
Quem são os suspeitos?
Segundo a Polícia, Thiago Schafer Sampaio confessou que matou a jovem com um mata-leão ainda na noite do domingo 9.
O homem agiu com um comparsa, Lucas Pimentel, que também confessou a participação aos policiais. Pimentel ajudou na ocultação do corpo, enterrado e coberto por entulhos de obra e uma camada de concreto na casa de Sampaio, onde o crime aconteceu. Os dois seguem presos.
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Thiago Schafer Sampaio (esq) e Lucas Rodrigues Pimentel (dir), suspeitos da morte de Clara Maria, em Belo Horizonte. Créditos: Polícia Civil de Minas Gerais
Uma audiência de custódia realizada na manhã desta sexta-feira 14 determinou a conversão da prisão de flagrante para preventiva. Com isso, os dois suspeitos seguirão detidos por tempo indeterminado.
A motivação para o crime
Segundo as investigações, a intenção de Thiago era atrair a vítima até a casa dele e lá subtrair valores da sua conta bancária, por meio do celular dela. Entretanto, como Clara Maria resistiu, ele decidiu enforcá-la até a morte.
“Durante as investigações, também descobrimos que a vítima já havido sofrido assédio sexual por parte do ex-colega de trabalho e não teria correspondido às investidas. Além disso, no dia 6 de março, ele teria encontrado com a vítima em um bar e tomado conhecimento de que ela estaria namorando, o que teria lhe deixado com muita raiva”, explicou o delegado responsável pela investigação, Alexandre Oliveira da Fonseca, em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira 13.
A Polícia também descobriu que Pimentel também já teria tido uma desavença com a vítima. “Esse suspeito tem adoração pelo nazismo e, durante uma conversa, a vítima o criticou por tal posicionamento, o que lhe causou profunda ira. Além disso, ele também tem interesse em necrofilia, o que pode indicar abuso sexual. Todos esses fatores se juntam com a outra motivação, de roubo, e criam, infelizmente, este cenário para o crime”, acrescentou o delegado.
O caso segue sendo investigado. Os suspeitos podem responder pelos crimes de homicídio qualificado, feminicídio e ocultação e destruição de cadáver.