A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) classificou a pretensão de Eduardo Bolsonaro de presidir a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara de “absurdo nacional”. Para ela, ele vem cometendo crimes no exterior.
“Não podem parlamentares brasileiros ir para o exterior pedir intervenção no Brasil”, diz.
O filho 03 de Jair Bolsonaro está há quase 15 dias nos Estados Unidos aguardando uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de retenção do seu passaporte. Após parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), a decisão será do ministro Alexandre de Moraes.
O deputado é acusado de articular sanções contra o poder judiciário brasileiro para livrar o pai, Jair Bolsonaro, do julgamento no STF.
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“Isso é continuidade de um golpe que já foi rejeitado pela sociedade e que está sendo apurado e investigado pelo Supremo Tribunal Federal”, disse a parlamentar.
Ela chama a atenção do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que vai reunir com os líderes, nesta quinta-feira (13), para bater o martelo sobre o comando das 30 comissões permanente.
“Peço ao presidente da Câmara que atente para esse fato e que assuma a responsabilidade de tomar providências sobre isso, até porque o deputado Eduardo Bolsonaro, de quem eu falo, ainda quer presidir a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Isso é um absurdo nacional”, reagiu a parlamentar.
Além de agredir instituições e o ministro Alexandre de Moraes, a deputada diz que o filho de Bolsonaro “simplesmente dá um passo a passo, num vídeo, de como intervir no Brasil”.
“Isso é grave, isso é crime. Vários crimes foram cometidos. O parlamento precisa apurar esses crimes e tomar providências, assim como a PGR, que já foi representada por duas iniciativas”, afirmou.
Passaporte
O deputado Rogério Correia (PT-MG), que atuou junto com Jandira na CPMI do Golpe, também criticou a tentativa de Eduardo Bolsonaro de presidir a comissão.
Correia defendeu que o passaporte dele seja apreendido e que o parlamentar seja punido de acordo com as leis nacionais.
Lembrou que ele e seu pai defendem abertamente a intervenção de um país estrangeiro no Brasil, violando a legislação nacional e o decoro parlamentar.
“Eduardo Bolsonaro cometeu, pelo menos, três crimes. O primeiro deles é de falta de decoro parlamentar, e a Gleisi Hoffmann, então presidente do PT, já entrou com uma ação no Conselho de Ética. O segundo crime, vocês que gostam de falar de punir bandido, é o do art. 359 do Código Penal, que dá pena de 4 a 8 anos de prisão, que é crime contra o interesse nacional. E o terceiro é embaraçar as investigações em curso, da Lei nº 12.850, de 2013, assinada pelo próprio Jair Bolsonaro, com pena de 3 a 8 anos”, considerou.