Em comparação ao Oriente Médio, onde uma guerra já vitimou quase 20 mil crianças em apenas oito meses, o cenário brasileiro parece razoavelmente pacífico. Há eleições, o país não está em guerra contra ninguém e por aí vai.

Uma análise mais atenta, no entanto, chegará a duas conclusões fundamentais. A primeira delas é a de que a situação não é tão pacífica assim. Durante o ano de 2022, segundo dados oficiais, nada menos que 17 pessoas foram mortas por dia em decorrência da violência policial. Um número superior ao de palestinos mortos pelas tropas de ocupação sionistas no período anterior á Operação Dilúvio de al-Aqsa. Os números mostram, portanto, que há uma guerra em curso entre o Estado, representante dos interesses dos bancos, e a população pobre e oprimida.

Outro dado alarmante é o da pobreza. Mais de 25% da população hoje depende do Bolsa Família para sobreviver. Isto é, a situação econômica é tão ruim que o emprego formal passou a ser exceção. Dezenas de milhões de pessoas dependem do Estado para ter o que comer, sendo que esse auxílio e tem seus dias contados justamente pelo impasse econômico.

A segunda conclusão fundamental é a de que o que ocorre hoje na Palestina é tão-somente a expressão de um fenômeno global. O genocídio do povo palestino e a resistência palestina são, respectivamente, expressão do caráter bárbaro e colonial do imperialismo e da tendência à reação dos povos contra a sua política de dominação.

Em todo o mundo, vigora a seguinte ordem mundial: um condomínio e países muito ricos vivem às custas do trabalho de bilhões de pessoas de países que são impedidos de se desenvolverem. Essa ordem só pode ser mantida por meio de uma ditadura brutal. No entanto, na medida em que essa ditadura vai sendo desafiada, ela vai se enfraquecendo. Abre-se, então, uma crise revolucionária: os de cima não mais conseguem governar como antes, e os de baixo não aceitam mais serem governados como antes.

É essa crise que possibilitou a ação revolucionária da resistência palestina. É essa crise que vem permitindo à Rússia impor uma derrota à Organização do tratado do Atlântico Norte (OTAN). Em contrapartida, é essa crise que levou o imperialismo a tentar derrubar o governo da República Democrática do Congo e o governo da Turquia. É essa crise que levou o imperialismo a intensificar a sua política de censura.

O Brasil não está fora desse jogo. Pelo contrário, é um dos países mais importantes para a política mundial. A posição do Brasil tem uma influência decisiva em todo o continente latino-americano. Neste sentido, é um dos países onde o imperialismo mais irá investir para manter a sua dominação. A reação, por sua vez, será inevitável.

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Última Atualização: 02/07/2024