Cientistas chineses anunciaram o desenvolvimento de uma bateria nuclear de pequeno porte com vida útil estimada em até 7.000 anos.

A tecnologia, baseada em decaimento radioativo, foi apresentada por pesquisadores de instituições como a Universidade Soochow e a Universidade de Tecnologia de Xi’an. A pesquisa foi publicada no periódico Nature.

A proposta utiliza radioisótopos como fonte de energia em escala reduzida. O objetivo é ampliar a durabilidade de baterias aplicáveis a dispositivos em ambientes extremos ou de difícil manutenção.

A equipe responsável afirma que o modelo apresentado representa um avanço em comparação a tecnologias anteriores no mesmo campo.

Funcionamento baseado em decaimento radioativo

O princípio de funcionamento da bateria está na conversão da energia liberada pelo decaimento radioativo em eletricidade. Esse processo ocorre quando núcleos instáveis de átomos perdem energia ao emitir radiação, gerando uma quantidade constante de energia ao longo do tempo.

Segundo os pesquisadores, a estrutura da bateria combina actinídeos — elementos químicos radioativos — com lantanídeos, que possuem propriedades luminescentes. Essa combinação permite transformar a energia do decaimento em luz, que posteriormente é convertida em eletricidade.

Os responsáveis pelo projeto afirmam que o novo modelo atinge eficiência até 8.000 vezes superior à de outras tecnologias já testadas no campo de baterias nucleares.

Produção de energia em baixa escala

As baterias desenvolvidas operam com geração de energia em escala nanométrica, entre nanowatts e microwatts. Apesar da quantidade reduzida, os pesquisadores apontam que a estabilidade e a longevidade do sistema tornam a solução adequada para aplicações específicas.

A vida útil das baterias é diretamente proporcional à meia-vida dos radioisótopos utilizados. Em função disso, o modelo atual é capaz de fornecer energia de forma constante durante períodos que podem ultrapassar milênios.

Além da durabilidade, outro diferencial técnico está na resistência a fatores ambientais. As baterias são imunes a variações de temperatura, pressão e interferência magnética, o que possibilita o uso em cenários onde baterias convencionais não funcionariam com estabilidade.

Aplicações previstas para ambientes extremos

A proposta tem aplicação inicial voltada a ambientes que dificultam o acesso para manutenção, como missões espaciais ou dispositivos instalados em áreas remotas. Segundo os cientistas, a tecnologia pode ser empregada em sondas espaciais, satélites ou instrumentos científicos de longo prazo.

O uso dessas baterias em equipamentos eletrônicos convencionais ainda é considerado inviável pela baixa capacidade de geração de energia.

Os pesquisadores estimam que seriam necessárias aproximadamente 40 bilhões de unidades da bateria desenvolvida para alimentar um único dispositivo de 60 watts, como uma lâmpada.

Desafios para aplicação em larga escala

Apesar da longevidade, os pesquisadores reconhecem que o principal desafio atual é a limitação de potência. A tecnologia ainda não atende às demandas energéticas de equipamentos utilizados no cotidiano, o que restringe o uso a contextos específicos.

A equipe responsável informou que novas etapas de pesquisa devem focar na ampliação da capacidade de geração energética sem comprometer a estabilidade ou a vida útil do sistema. Também estão em análise os critérios regulatórios para uso de radioisótopos em dispositivos comerciais.

Tecnologia baseada em materiais radioativos

A base do projeto está no uso de elementos radioativos controlados. A manipulação desses materiais requer estruturas de segurança específicas e conformidade com normas internacionais.

Segundo os cientistas, a bateria desenvolvida apresenta baixa emissão de radiação externa e segue parâmetros de segurança definidos para aplicações tecnológicas.

A pesquisa foi divulgada como parte de um esforço mais amplo de desenvolvimento de soluções energéticas de longa duração para aplicações em ambientes adversos.

A equipe destacou que, embora o modelo atual seja direcionado a usos restritos, a tecnologia representa um avanço nas possibilidades de aproveitamento de energia a partir do decaimento radioativo.

Perspectivas para pesquisas futuras

O desenvolvimento da bateria micronuclear integra uma tendência de pesquisa por fontes alternativas de energia durável. Cientistas de diferentes países investigam possibilidades de uso de radioisótopos em contextos de baixa manutenção, principalmente para missões de longa duração.

O grupo chinês informou que pretende expandir os estudos para aperfeiçoar a conversão energética e reduzir o custo de produção. Também estão em curso testes para aplicação da mesma tecnologia em sensores de monitoramento remoto, marcadores eletrônicos e equipamentos médicos de pequeno porte.

A publicação dos resultados no periódico científico estabelece a base para futuras colaborações internacionais e amplia o debate sobre a viabilidade de baterias de vida ultralonga em setores estratégicos.

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Last Update: 12/03/2025