Um mês após serem anunciadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, as tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos estão em vigor, desde as 0h00, desta quarta-feira (12). O governo estadunidense garantiu que as taxas serão impostas sobre todos os países, sem exceções ou isenções.
“De acordo com suas ordens executivas anteriores, uma tarifa de 25% sobre aço e alumínio, sem exceções ou isenções, entrará em vigor para o Canadá e todos os nossos outros parceiros comerciais à meia-noite de 12 de março”, declarou o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, à CNN americana.
Conforme já adiantado pelo GGN, a medida atingirá diretamente grandes parceiros comerciais dos EUA, como o Brasil e o Canadá, dois dos maiores fornecedores de aço aos norte-americanos.
Nesta manhã, o presidente Lula convocou os ministros de governo para uma reunião a fim de discutir o tema. O Planalto busca uma saída diplomática e já descartou medidas de retaliação, ao contrário da União Europeia e da China, por exemplo.
Segundo Estadão, no entanto, uma das reações estudadas pelo governo seria o Brasil acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) para fazer valer seus direitos.
Impactos ao Brasil
Dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos dão conta que o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço aos EUA, em 2024. Ao todo, foram 4,1 milhões de toneladas em exportações para o país.
Os números mostram que o Brasil fica atrás apenas do Canadá, responsável por destinar 5,95 milhões de toneladas de aço ao mercado norte-americano no ano passado. Em terceiro lugar está o México, com o envio de 3,2 milhões de toneladas a Washington no ano passado.
Em 2018, ao assumir seu primeiro mandato na presidência dos EUA, Trump já havia imposto tarifas de 25% sobre o aço. Contudo, devido a incapacidade da indústria siderúrgica dos EUA de atender a demanda interna, o republicano recuou parcialmente à época e passou a estabelecer cotas para a importação de aço e alumínio sem tarifas.
De acordo com o Instituto Aço Brasil, o acordo permitia ao Brasil exportar até 3,5 milhões de toneladas de placas e semiacabados e 687 mil toneladas de laminados sem a tarifa adicional. Mas, diante da nova política protecionista de Trump, que – segundo ele – visa fortalecer a indústria norte-americana, as siderúrgicas brasileiras estão em alerta, uma vez que produzem a partir da demanda de exportação.
“As consequências poderão vir na economia brasileira como um todo, incluindo a demissão de funcionários das indústrias que empregam cerca de 100 mil pessoas no Brasil e, em último caso, o fechamento de fábricas”, destacou reportagem do GGN.
Reação
Horas antes das tarifas entrarem em vigor, o presidente Lula (PT) criticou Trump publicamente, durante um evento em Minas Gerais. “Não adianta o Trump ficar gritando de lá, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito comigo, que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado. É assim que a gente vai governar esse país”, afirmou o presidente.
Ainda, na semana passada, o vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu com representantes do Departamento de Comércio dos EUA para pedir o adiamento da medida, mas a demanda não foi atendida.
*Matéria atualizada às 13:30, de 12/03/25, para atualização de informações sobre o posicionamento do governo federal.
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