A imposição dos Estados Unidos em elevar para 25% as tarifas sobre importações de aço e alumínio produzidos no Brasil é “injustificável e equivocada” na visão do governo brasileiro, que não descarta recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) a respeito do assunto.

O governo de Donald Trump não apenas aumentou a tarifa para importação de aço e alumínio, como também cancelou todos os arranjos vigentes ligados a quotas de importação de tais itens, o que terá “impacto significativo” sobre as vendas ao mercado norte-americano, que somaram US$ 3,2 bilhões apenas em 2024.

Em nota conjunta, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior relembram que Brasil e Estados Unidos mantêm uma relação de complementaridade “mutuamente benéfica”.

Dados oficiais colocam o Brasil como o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA (US$ 1,2 bilhão) e o maior exportador de aço semi-acabado para aquele país (US$ 2,2 bilhões, 60% do total das importações dos EUA). Os EUA registraram um superávit comercial em torno de US$ 7 bilhões, somente em bens, no ano de 2024.

Diante da decisão de Trump, o governo brasileiro e o setor privado vão “defender os interesses dos produtores nacionais” de forma coordenada, em encontros programados para ocorrer nas próximas semanas.

Os ministérios destacaram que “todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior” para contrapor os efeitos da tributação norte-americana serão discutidas, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio.

“O presidente Lula falou ‘muita calma nessa hora’. Já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a jornalistas após reunião com representantes do setor da indústria do aço brasileira, que apresentou um relatório com argumentos para a negociação.

Segundo a Agência Brasil, Haddad destacou que o empresariado apresentou “argumentos muito consistentes” de que a taxação do aço e alumínio não é um bom negócio sequer para os norte-americanos.

“Vamos levar para a consideração do governo americano que há um equívoco de diagnóstico”, disse Haddad, que não entrou em mais detalhes sobre as propostas apresentadas, mas destacou que o relatório servirá de subsídio para as negociações lideradas pelo Ministério do Desenvolvimento.

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Last Update: 12/03/2025