Na última sexta-feira (7), durante um ato público realizado em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, e com a presença do presidente Lula, foi assinado o decreto de desapropriação da antiga fazenda-usina Ariadnópolis para beneficiar os trabalhadores sem-terra. O território, de quatro mil hectares, foi batizado de Quilombo Campo Grande, em homenagem à luta histórica dos quilombolas da região. A área, ocupada há 27 anos, resistiu a 11 tentativas de despejo, tendo sido a mais violenta durante a pandemia, quando a escola Eduardo Galeano foi destruída.
Silvio Netto, dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto (MST) em Minas Gerais destacou a importância da conquista:
“O grande homenageado de hoje é esse povo que resistiu. Que essa resistência inspire o governo e todos os lutadores do povo. Reafirmamos que não é o latifúndio que carrega o Brasil nas costas, e sim a agricultura familiar e camponesa.”
Durante o evento, o governo Lula anunciou a criação de 138 novos assentamentos em 24 estados do País. Dentro de territórios já ocupados pelo MST, foram estabelecidos 60 novos assentamentos, beneficiando 4.883 famílias em 16 estados e no Distrito Federal. Além disso, o governo federal destinou 75.573 hectares de terra para assentamentos, possibilitando a criação de 12.297 novos lotes familiares.
Dentre os novos assentamentos, quatro foram criados a partir de desapropriações, incluindo o Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais. As fazendas São Paulo (Paraná), Horto Florestal (Rio Grande do Sul) e o acampamento Dom Tomás (Goiás) atenderão cerca de 800 famílias. Os demais assentamentos foram adquiridos por meio de compra pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Josana Lima, da coordenação nacional da CONTAG, destacou a importância dessas medidas:
“Os anúncios do governo são fundamentais para avançar na Reforma Agrária, fortalecer a agricultura familiar e garantir a produção de alimentos saudáveis.”
O governo também anunciou R$1,6 bilhão em crédito para a instalação de famílias nos assentamentos, beneficiando 18 mil famílias. Além disso, liberou financiamentos de até R$50 mil pelo Pronaf A, com 25% de desconto. Na área de produção de alimentos, foram destinados R$900 milhões para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), sendo R$100 milhões especificamente para as cozinhas solidárias. O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) também recebeu um aporte de R$ 48 milhões.