No programa Análise da 3ª, da Rádio Causa Operária, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, abordou temas como a inviabilidade do comunismo em um único país, o poder do Supremo Tribunal Federal (STF) e o conflito entre Estados Unidos e Rússia na Ucrânia.
“O comunismo nunca foi implementado”
Sobre as críticas de que o comunismo nunca teria dado certo, Rui Costa Pimenta rebate afirmando que esse sistema jamais foi plenamente implementado. “O comunismo depende da evolução do capitalismo. Sem essa evolução, ele não pode existir”, explicou. Ele ressaltou que o capitalismo gerou uma economia mundial integrada, tornando impossível um país adotar o comunismo de forma isolada sem enfrentar grandes dificuldades.
Pimenta citou Cuba e Venezuela como exemplos de países que tentaram construir um sistema econômico alternativo, mas sofreram restrições severas. Segundo ele, apenas quando as grandes economias capitalistas superarem o capitalismo será possível falar de comunismo. “A economia estatal funciona? Sim. Na União Soviética, mesmo com a crise stalinista, a economia crescia 30% ao ano. Nenhum país capitalista alcançou esse nível de crescimento.”
Ele destacou que a economia planejada garantiu pleno emprego e avanços sociais, como saúde e educação universais. Se políticas semelhantes fossem aplicadas em um país altamente desenvolvido, como os Estados Unidos, os resultados seriam “extraordinários”.
O STF como “partido do imperialismo”
Ao tratar do papel do STF no Brasil, Pimenta enfatizou que o tribunal não atua isoladamente, mas como um braço do grande capital imperialista. “O STF não é apenas um grupo de 11 juízes. O poder vem das classes sociais”, afirmou. Ele apontou que o tribunal está alinhado com a fração mais poderosa da burguesia brasileira, representada por conglomerados midiáticos como a Rede Globo.
“A Rede Globo é um grande monopólio nacional ligado ao imperialismo. O STF, na prática, é o partido do imperialismo, e é por isso que tem tanto poder”, disse. O Congresso, por sua vez, não se contrapõe ao Supremo por medo de represálias, dado o enorme poder econômico, midiático e institucional desse setor. “Eles têm representantes em todo o aparato judiciário, na polícia, nas Forças Armadas, no Congresso. Eles controlam setores da cultura, da saúde, da educação”, acrescentou.
O uso do feminismo para ampliar a repressão
Pimenta também comentou o chamado “estupro virtual” e a relação entre a luta das mulheres e a repressão estatal. Ele reconheceu que a questão feminina não se resume à luta de classes, pois atinge todas as camadas da sociedade, incluindo a burguesia. No entanto, criticou setores que usam essa pauta para promover um endurecimento repressivo do Estado.
“Os movimentos populares não fazem campanha para aumentar penas de prisão, instituir pena de morte ou criar penas especiais para punir pessoas. Eles sabem que quem sofrerá com essas medidas será a população pobre”, argumentou. Segundo ele, o feminismo promovido por setores da direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL), não representa a luta legítima das mulheres, mas sim um movimento burguês utilizado para justificar o fortalecimento do aparato repressivo.
O impasse entre Rússia e EUA na Ucrânia
Por fim, Pimenta analisou a guerra na Ucrânia e as movimentações em torno de um possível acordo de paz. Segundo ele, Donald Trump está realmente empenhado em encerrar o conflito, mas enfrenta forte oposição dentro dos EUA e dos aliados europeus. “Eles estão tentando, de todas as maneiras, sabotar qualquer acordo que leve ao fim da guerra”, afirmou.
Ele explicou que a Rússia desafiou o imperialismo ao impedir a incorporação da Ucrânia à OTAN e que, mesmo que a guerra terminasse com a Rússia mantendo apenas o Donbass, isso já seria uma derrota significativa para os Estados Unidos e seus aliados. “Eles não podem permitir que isso aconteça”, concluiu.