Os efeitos da devastação da natureza impactam, especialmente, as minorias empobrecidas; as mudanças climáticas ampliam as injustiças sociais

 

Nesses tempos de intensificação da crise climática, a Campanha da Fraternidade 2025, lançada recentemente pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, coloca o dedo na ferida e alerta para a necessidade, urgente, de adotarmos um novo modelo de produção e convivência, contra o consumo desenfreado e a exploração insustentável dos recursos naturais.

A proposta da campanha vai além da questão estritamente ambiental e defende a ecologia integral, que abraça tudo que se refere às pessoas e a nossa Casa Comum, o Planeta Terra.

Este amplo rol inclui desde o respeito às comunidades originárias e à ancestralidade ao cuidado com os impactos emocionais da vida atual e as consequências de modelos econômicos que levam o planeta à degradação social e ambiental.

Diz o Papa Francisco: “É fundamental buscar soluções integrais que considerem as interações dos sistemas naturais entre si e com os sistemas sociais. Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise sócio-ambiental”.

Os efeitos da devastação da natureza impactam, especialmente, as minorias empobrecidas; as mudanças climáticas ampliam as injustiças sociais.

A área ambiental foi uma das mais afetadas pelo (des)governo Bolsonaro; ainda hoje, a extrema direita prega o negacionismo, insistindo em desconhecer as evidências da crise que ameaça o mundo.

A retomada pelo Governo Lula está sendo persistente e consistente, mas o caminho é longo. Encontramos um país destruído.

A COP 30, que ocorrerá em novembro, na cidade de Belém, no Pará, se encaixa nessa retomada e representa uma oportunidade histórica para reafirmarmos a nossa liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global.

É uma pauta convergente com a do Papa, que interrompeu o repouso forçado pela doença para enviar uma mensagem ao Brasil: “O tema da Campanha da Fraternidade deste ano expressa também a disponibilidade da Igreja no Brasil em dar a sua contribuição para que, durante a COP 30 (…), que se realizará (…) no coração da querida Amazônia, as nações e os organismos internacionais possam comprometer-se efetivamente com práticas que ajudem na superação da crise climática e na preservação da obra maravilhosa da Criação, que Deus nos confiou e que temos a responsabilidade de transmitir às futuras gerações.”

A tarefa é grande. Vemos debater e enfrentar o racismo ambiental, fruto das desigualdades a que são expostas comunidades populacionais vulnerabilizadas, seja nas condições precárias dos territórios onde vivem seja na exclusão do debate ou no acesso a políticas públicas.

A desigualdade se manifesta na segregação em espaços desvalorizados, próximos a áreas de risco ou de alta poluição, sem saneamento, áreas verdes e espaços livres. No caso dos indígenas, precisamos incluir a exposição ao garimpo, ao desmatamento e à precarização do atendimento sanitário e de saúde.

Isso precisa ser feito em estreita colaboração com a sociedade, incorporando as diferentes esferas de representatividade, os conselhos populares e municipais, os movimentos sociais e culturais, as associações e coletivos diversos, grupos religiosos e sem qualquer religião, pessoas de todas as classes, origens e individualidades, tendo sempre em comum a defesa dos direitos humanos, da democracia e do estado de justiça socioambiental.

É preciso dialogar com a população. Precisamos nos voltar para as bases, estarmos nas rodas de conversa, nas redes sociais e nas ruas.

Será impossível consolidar a democracia e avançar no progresso dos povos sem um novo modelo, que seja inclusivo, participativo e comprometido com a justiça social, cultural, econômica, ambiental, civil, sem qualquer distinção de classe, cor, sexo, origem, religião, gênero, opção sexual, idade.

 

Deputado Reimont (PT-RJ)

 

Publicado originalmente no Site Brasil 247

 

 

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Last Update: 11/03/2025