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Uma indígena, abandonada pelo amante europeu com quem vivera longos anos, vendo-o partir numa caravela de passagem, matou o filho comum, cortou-o em duas partes e lançou uma destas ao mar como que entregando ao homem a porção que lhe pertencia. A bordo perguntaram a este quem era essa mulher, ao que respondeu: não é ninguém, é uma índia sem importância

No Brasil, o Estado Nacional antecedeu a nacionalidade: não havia em 1822 uma identidade nacional consolidada, mas um país dominado pelo instituto da escravidão, em que negros que eram esmagadora maioria não tinham cidadania mas eram antes encarados como “res”, não portadores de qualquer vínculo com a terra. Os demais, uma minoria, eram portugueses, estrangeiros, ou, quando brasileiros, se vinculavam mais a identidades regionais como paulistas, pernambucanos ou baianos.

Gilberto Freyre e seu “Casa Grande e Senzala” (1933), Sérgio Buarque de Hollanda e seu “Raízes do Brasil” (1936) e Caio Prado Jr. e seu “Evolução Política do Brasil” (1933) são os principais expoentes da supracitada geração: cada um à sua maneira irá voltar-se ao passado colonial brasileiro com finalidades parecidas: explicar o presente e buscar o sentido da História.

Paulo Prado, um historiador diletante, aprendiz de Capistrano de Abreu, produziu um “Retrato do Brasil”. Uma pintura impressionista cujos métodos estão expostos pelo próprio autor:

“Este Retrato foi feito como um quadro Impressionista. Dissolveram-se nas cores e no impreciso das tonalidades as linhas nítidas do desenho e, como se diz em gíria de artista, das “massas e volumes”, que são na composição histórica a cronologia e os fatos. Desaparecem quase por completo as datas. Restam somente os aspectos, as emoções, a representação mental dos acontecimentos, resultantes estes mais da dedução especulativa do que da sequência concatenada dos fatos”.

Paulo Prado advém da ilustre e aristocrata família Silva Prado de São Paulo, ligada à comercialização de café e à construção de ferrovias. Filho do Conselheiro Antônio Prado, Ministro do Império, com grande fortuna e prestígio, o que garantirá ao filho uma vida sem grandes compromissos, apesar de ter dividido sua vida como empresário de café, jornalista, ativista literário e historiador.

Em 1530, desde a descoberta, o Brasil encontra-se em situação de relativo abandono. Em face da pirataria Francesa, serão nestes anos que se inicia de fato a ocupação, a empresa colonizadora chefiada por Martim de Souza. Em 1549, com o governo Tomé de Souza, observa-se o início de uma relativa atividade administrativa na colônia como expedições oficiais e as primeiras missões jesuítas.

A “Tristeza Brasileira” deve ser encarada conforme a proposta metodológica enunciada pelo próprio autor e sugerida já no título do livro. Estamos diante de um retrato, ou se quisermos de uma fotografia do Brasil. Mesmo uma fotografia não é imparcial: o fotografado pode ser retratado num dia infeliz e não estar sorrindo e o erro do historiador é, a partir deste retrato, concluir que o personagem da foto é….triste.

Tristeza e Esperança

A tristeza que viu no povo Brasileiro diga respeito a si próprio. É natural para quem observa o problema do Brasil, o seu passado e o seu presente, suas potencialidades e todo desperdício, sintir uma enorme tristeza. Num estado como São Paulo, com o aquífero do Guarani, um dos maiores do mundo, há ainda racionamento de água. 111 mortos no presídio do Carandiru desarmados e todos os policiais absolvidos por legítima defesa. Vídeos de cárcere circulando pela internet com presos jogando futebol com a cabeça de um outro preso. Triste, triste, triste.

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Última Atualização: 02/07/2024