Escolhido pelo presidente Lula (PT) para chefiar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, o embaixador André Corrêa do Lago convocou os países para um “mutirão global” contra a mudança do clima.
Em carta divulgada nesta segunda-feira 10 pela presidência do evento, Lago disse que o impacto sobre os países no aspecto climático é “inevitável”, seja “por mudança ou por catástrofe”.
“Se o aquecimento global não for controlado, a mudança nos será imposta, ao desestruturar nossas sociedades, economias e famílias”, diz o presidente da COP30. “Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia, mas sim pela resiliência e pela agência em direção a uma visão que nós mesmos projetamos.”
O tom de alerta endossa a necessidade de avançar em negociações que levem a medidas concretas no combate aos efeitos da crise climática. Exemplos da extensão do problema não faltam: 2024 foi o ano mais quente já registrado, com a temperatura média global da superfície ficando 1,55°C acima da média pré-industrial.
Enquanto isso, a Organização Meteorológica Mundial mostrou que em 2023 a concentração de gases do efeito estufa — especialmente o dióxido de carbono (CO2) — bateu recordes. O Brasil não passa imune à crise, uma vez que o ano passado foi o mais quente registrado no País desde 1961, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.
Lago, então, clamou para que os países façam da COP30 um momento de mudança. “Juntos, podemos fazer da COP30 o momento em que viramos o jogo, quando colocamos em prática nossas conquistas políticas e nosso conhecimento coletivo sobre o clima para mudar o curso da próxima década.”
Risco de esvaziamento
Não bastassem as tradicionais dificuldades de formar consenso em torno de medidas práticas para combater a crise climática, o evento brasileiro conta com um problema adicional: o risco de esvaziamento pela abordagem negacionista do governo Donald Trump, dos Estados Unidos.
Lago, porém, discorda de que a saída dos EUA do Acordo de Paris possa comprometer a COP30. Em entrevista no fim da semana passada, o embaixador reconheceu que, apesar da decisão de Trump, “parcela significativa do PIB americano continua pretendendo observar” o tratado internacional.