O imperialismo, em crise total, adentrou uma etapa de guerras permanentes e golpes de Estado. Não é possível aceitar nenhum governo que ouse desafiar sua dominação. No Oriente Médio e na Ucrânia, a posição do imperialismo é de guerra até o fim, uma posição à qual o novo presidente dos EUA, um dissidente, se opõe. Mas, enquanto nas guerras não há vitórias militares, os golpes de Estado avançam em quantidade. E a nova campanha de base é o “anti-fascismo” em “defesa da democracia”.
Os golpes de Estado do imperialismo sempre são precedidos por uma ampla campanha de propaganda. Os dois principais focos sempre foram a “luta contra a corrupção” e o anti-comunismo. O golpe de 1954 contra Vargas e o de 2016 contra Dilma tiveram como foco principal a corrupção. Já o golpe contra Jango, em 1964, foi o tradicional golpe anti-comunista. Os golpes “anti-fascistas” foram menos comuns na história. Em geral, atingiram antigos aliados dos EUA, como Noriega no Panamá e Saddam Hussein no Iraque. Mas, nesses casos, houve muito mais invasão militar do que golpe.
Com a atual crise do imperialismo, em que uma direita cresceu e conseguiu desbancar eleitoralmente a direita imperialista tradicional, surge a campanha “anti-fascista” do imperialismo. Isso fica muito claro na Europa. Lá, a direita anti-OTAN é muito forte; assim, a OTAN orquestra golpes em diversos países. No último deles, a Romênia, o candidato com mais votos na eleição presidencial foi impugnado e preso. Quem ganhou com isso? Os nazistas da Ucrânia. Mas o golpe é propagandeado como anti-fascista.
Pode parecer algo contraditório, mas esses golpes são, ao mesmo tempo, contra a esquerda e contra a direita. Contra a direita, isso é claro: eles querem acabar com a direita indesejada, tirar Trump, Le Pen, Bolsonaro, para colocar no governo Biden, Macron e, no Brasil, alguém ligado ao PSDB. Mas é um golpe duplo contra a esquerda. Primeiro, porque a esquerda é aliciada para fazer parte do golpe. Ela se torna uma parte do “movimento anti-fascista” e, assim, apoia a direita imperialista.
Em segundo lugar, porque a polarização é algo que fortalece essa esquerda. Isso é claro no Brasil. Uma eleição Lula contra Bolsonaro é a mais politizada possível, tende a levar a um amplo debate político e a mobilizar a militância para as ruas para derrotar a ameaça. A imprensa burguesa não consegue usar sua tática tradicional para defender Bolsonaro.
Qual é o quadro perfeito para o imperialismo? Uma esquerda cooptada, infiltrada, contra um candidato da direita tradicional, apoiado por toda a imprensa, os banqueiros e o grande capital como um todo. Esse é o golpe do anti-fascismo. É um golpe tanto contra a direita quanto contra a esquerda. E ele está sendo preparado no mundo inteiro, incluindo no Brasil.