Considerado o mais importante grupos de rap do Brasil, os Racionais MC’s receberam, nesta quinta-feira 6, o título de doutor honoris causa pela Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp.
Um dos representantes do grupo, Mano Brown, aproveitou o evento para recordar a trajetória do grupo, que começou em 1988 e é composto por KL Jay, Edi Rock e Ice Blue, além do próprio Brown.
“A única ambição que a gente tinha certeza que aconteceria era que, quando os pretos ouvissem a gente, alguma coisa aconteceria”, disse o rapper.
“A causa é maior que nós. Depois de nós, outros virão. Já chegaram, já estão aí, atuando de forma brilhante. Os jovens são o futuro. Vocês são a revolução online. A gente foi a faísca, lá na época das cavernas. Muito obrigado, sem palavras”, afirmou.
Mano Brown discursa durante o recebimento do título da Unicamp. Foto: Reprodução
KL Jay também esteve presente no evento e disse que considera o hip-hop um “acontecimento espiritual”.
“Um acontecimento espiritual que fez um grande resgate dos pretos no mundo inteiro […] Racionais não é só música, o grupo não é só o enfrentamento, é uma missão também”, afirmou o músico.
Essa não é a primeira distinção feita pela Unicamp ao grupo paulistano. Desde 2020, o álbum Sobrevivendo no Inferno (1997) faz parte da lista de obras obrigatórias no vestibular da universidade. Mais recentemente, em 2022, os Racionais MC’s estiveram na instituição estadual para uma aula aberta, durante a disciplina “Tópicos Especiais em Antropologia IV: Racionais MC’S no Pensamento Social Brasileiro”.
Segundo a Unicamp, “os Racionais MC’S extrapolam a fala do gueto, sem abandoná-lo. Não se restringem à crônica cotidiana, mas a revelam. Interpretam o Brasil a partir de outro lugar, por tempo demais percebido como objeto de reflexão e não como sujeito da própria reflexão”.
No documento em que propôs o título de doutor honoris causa, a instituição afirmou que “os Racionais MC’s se colocam ao lado dos grandes intérpretes do Brasil, e não só: suas letras e canções dialogam com uma história de luta contra a escravidão, o racismo e a tremenda desigualdade que acompanham a experiência da diáspora negra”.
