Declarações de Macron sobre possível uso de armas nucleares são uma ameaça à Rússia, diz Lavrov.

Moscou vê as declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o possível uso de armas nucleares como uma ameaça, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, nesta quinta-feira (6).

“Claro que isso é uma ameaça à Rússia. Se ele [Macron] nos considera uma ameaça, reúne os chefes do Estado-Maior dos países europeus e do Reino Unido, diz que é necessário usar armas nucleares e se prepara para usá-las contra a Rússia, isso, evidentemente, é uma ameaça”, declarou Lavrov em entrevista coletiva.

Na quarta-feira (5), Macron afirmou que a Rússia se tornou uma “ameaça” para a França e a Europa, e, por isso, era necessário abrir uma discussão sobre o uso das armas nucleares francesas para defender toda a União Europeia.

Lavrov ressaltou que Macron tem a oportunidade de telefonar para o presidente russo, Vladimir Putin, a qualquer momento, e classificou as acusações de que a Rússia estaria se preparando para uma guerra contra a Europa como insensatas.

“Macron declara periodicamente, com orgulho, que certamente ligará para Putin e conversará com ele. Ele tem essa possibilidade. Ninguém o impede. Pelo contrário, o presidente sempre enfatiza sua abertura ao diálogo com todos os seus colegas. E sobre essas acusações francamente insensatas de que a Rússia está preparando uma guerra contra a Europa e a França, Putin já disse várias vezes que tais ideias são delirantes, um absurdo. Provavelmente, qualquer pessoa sensata entende que a Rússia não tem interesse nisso”, afirmou Lavrov durante uma coletiva de imprensa ao lado do ministro das Relações Exteriores do Zimbábue, Amon Murwira.

Impasse sobre o envio de “forças de paz” europeias à Ucrânia

Lavrov também afirmou que a Rússia não vê possibilidade de compromisso sobre uma possível implantação de forças de paz europeias na Ucrânia.

“Não vemos espaço para compromisso. Esta discussão está sendo conduzida com um propósito abertamente hostil. Eles não escondem o que realmente querem com isso”, declarou o chanceler russo.

Apoio militar dos EUA à Ucrânia e suas consequências

O ministro russo destacou que a suspensão da transferência de informações de inteligência dos Estados Unidos para a Ucrânia confirma as alegações da Rússia de que essa assistência foi essencial para que Kiev realizasse ataques em território russo.

“Sobre a situação atual do fornecimento de assistência militar e a pausa anunciada pelos EUA na transferência de informações de inteligência, isso confirma o que sempre dissemos. Nosso presidente já ressaltou repetidamente que, sem a participação direta do Ocidente – Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e outros países que fornecem dados de inteligência e ajudam a utilizar tecnologias para lançar mísseis de longo alcance contra nosso território – os ucranianos não conseguiriam realizar esses ataques”, explicou Lavrov.

Além disso, ele sugeriu que a suspensão da ajuda militar dos EUA à Ucrânia poderia acelerar o fim do conflito.

“Já foi dito várias vezes que o ex-chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, estava certo ao afirmar que o conflito na Ucrânia poderia ser encerrado rapidamente, em questão de semanas, caso a assistência militar ao governo ucraniano fosse interrompida. Concordamos com essa avaliação. Outra coisa que Borrell acrescentou foi que isso nunca deveria ser feito, pois primeiro seria necessário infligir uma derrota estratégica à Rússia para então ditar os termos da paz”, comentou Lavrov.

Por fim, Lavrov afirmou que a Rússia está disposta a um diálogo honesto para resolver o conflito na Ucrânia.

“Estamos prontos para uma conversa franca, levando em conta todas as causas fundamentais desse conflito, incluindo, evidentemente, a principal delas: a segurança da Rússia e as garantias contra a contínua expansão da OTAN para a Ucrânia, o que seria utilizado para criar ameaças constantes ao nosso país”, declarou o ministro.

O chanceler russo também classificou as declarações de Macron sobre a guerra como “nervosas e prolixas”.

“Macron, pelo que entendi, disse ontem [5 de março] em sua longa e bastante nervosa declaração que a guerra não deve terminar com a rendição da Ucrânia”, concluiu Lavrov.

Fonte: Sputnik International.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 06/03/2025