Na próxima quinta-feira (3), a partir da meia-noite, os motoristas de ônibus da cidade de São Paulo devem entrar em greve caso as negociações salariais com o sindicato patronal e a Prefeitura não avancem. A greve foi aprovada por mais de cinco mil trabalhadores e trabalhadoras do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SMTTRUSP- SindMotoristas) em assembleia na última sexta-feira (28).

De acordo com o secretário de Igualdade Racial do SindMotoristas e membro da direção da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), José Carlos Ferreira, conhecido como “Zé Carlos Negrão”, o período entre a aprovação da greve até que ela aconteça é para que os patrões e a Prefeitura possam pensar e atender as reivindicações e assim não ocorra a paralisação. Além disso, serve para a população enxergar que o Sindicato busca a negociação acima de tudo, sendo a greve o último recurso, lembrando que em outras oportunidades as paralisações foram adiadas pelos trabalhadores.

Zé Carlos. Foto: Arquivo Pessoal

“São esses os impasses que tem ocasionado a questão da greve marcada para a madrugada do dia 3, na virada de terça para quarta. A direção do sindicato está fazendo de tudo para evitar a greve. É uma forma de jogar a responsabilidade para o prefeito e para os empresários, para que atendam as reivindicações”, afirma.

As negociações ocorrem desde março sem nenhum avanço, somente com a sinalização de um reajuste salarial de 3,22%. Na terça-feira (2), está prevista uma audiência no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) onde os sindicalistas esperam avanços e, com isso, a necessidade de greve pode ser novamente deliberada.

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A reivindicação dos trabalhadores é de reajuste salarial que leve em conta a reposição da inflação do período (3,69%, segundo o IPCA) e a reposição das perdas na pandemia (2,46%, conforme o Dieese), além de um aumento real de 5%. Como também participação nos Lucros e Resultados (PLR), aumento no vale-refeição, reajuste no seguro de vida, melhoria nos convênios, adequação da jornada de trabalho para 7 horas (sendo 6h30 trabalhadas e 30 minutos de descanso e ou seis horas trabalhadas e uma hora remunerada), entre outros benefícios.

Subsídios

As condições precárias que os trabalhadores do setor passam contrasta com o alto subsídio que os empresários do setor recebem. Contrariando a lógica de “assumir o risco” que o capitalismo prega, a Prefeitura de São Paulo aceita ser refém das empresas de transporte e paga um alto subsídio para que não repassem o custo na passagem para a população.

Dessa forma, as empresas operam com o dinheiro do povo e ainda cobram a passagem sob alegação, de acordo com a SPTrans, de que sem o subsídio a tarifa de ônibus, hoje em R$4,40, seria de R$ 10,45. Em 2023, a Prefeitura de São Paulo subsidiou em mais de R$ 5,3 bilhões a operação de ônibus na capital.

Portanto, o que se espera, no mínimo, é que com esses altos subsídios os trabalhadores da categoria recebam um salário condizente com as funções e a população receba um serviço de melhor qualidade.

“Perdemos mais de 700 companheiros durante o período da pandemia, ficamos sem reajuste e o prefeito [Ricardo Nunes] despachando altas somas de dinheiro em forma de subsídio para os empresários. Por isso estamos no direito de reivindicar os salários reajustados e as condições de trabalho melhoradas”, explica Zé Carlos Negrão.

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Última Atualização: 01/07/2024