
Acompanho, com paixão, o carnaval do Rio na avenida desde 1979. Eles, os donos da avenida, conseguiram acabar com a alegria do carnaval. Os enredos são completamente incompreensíveis, ninguém canta.
A avenida virou um túmulo do samba. Estou aqui desde o primeiro desfile.
Nenhuma escola levantou a arquibancada.
Sambas incompreensíveis. Mais de uma dezena de palavras que nenhum de nós conhece. Uma tristeza. Para quem gosta de samba, é algo inconcebível.
Acabaram com a leveza, com a alegria. Não ouvi nem vi ninguém cantar qualquer samba.
É o começo do fim. Triste.
É claro que, hoje, as letras fazem críticas sociais extremamente importantes e relevantes. A Sapucaí deixou há muito tempo de ser apenas um espaço de entretenimento e, cada vez mais, tornou-se um espaço político. Sempre foi.
Só entendo que é necessário fazer a crítica social com a leveza do carnaval. Alguns sambas trazem letras que vou adorar discutir nas minhas palestras.
Mas, em tempos de fascismo, também é preciso apenas sambar no carnaval. Afinal, sonhar não custa nada…