O Papa Francisco. Foto: Reprodução

O Papa Francisco segue à frente da Igreja Católica mesmo hospitalizado no Hospital Gemelli, em Roma, onde está internado há 18 dias. Apesar de enfrentar duas crises respiratórias nas últimas semanas — uma em 22 de fevereiro e outra em 28 de fevereiro —, ele apresenta sinais de melhora, embora os médicos mantenham um prognóstico cauteloso. Após uma noite tranquila, o pontífice tomou café da manhã nesta segunda-feira, 3, e seguiu com sua terapia respiratória.

Nesta terça, 4, o Vaticano divulgou uma forte mensagem assinada pelo papa em 26 de fevereiro, ainda no hospital, destinada aos participantes da assembleia geral da Pontifícia Academia para a Vida. O evento discute o tema “O Fim do Mundo? Crises, Responsabilidades, Esperanças” e reúne 150 acadêmicos de diversas partes do mundo, incluindo a Ucrânia. Na carta, Francisco adverte que a tecnologia, sozinha, não resolverá os desafios da atual “policrise” global. Além disso, condena a desregulamentação e o neoliberalismo, que, segundo ele, impõem a “lei do mais forte” e desumanizam a sociedade.

O pontífice ressaltou que a “policrise” atual combina guerras, mudanças climáticas, crises energéticas, epidemias, migração em massa e inovação tecnológica, questões que afetam várias dimensões da vida e exigem uma nova reflexão sobre o futuro do mundo. Para Francisco, lidar com esse cenário requer, antes de tudo, uma revisão crítica da forma como compreendemos o mundo e o cosmos. Ele alertou que, se a humanidade não superar sua resistência à mudança, continuará a repetir os mesmos erros, como ocorreu durante a pandemia da Covid-19, quando se perdeu a oportunidade de transformar consciências e práticas sociais.

Outro ponto destacado pelo papa foi a necessidade de escutar atentamente as contribuições científicas para evitar o apego a certezas inflexíveis e medos paralisantes. Ele elogiou a Pontifícia Academia para a Vida por adotar uma abordagem sinodal em suas discussões, promovendo o diálogo com diferentes áreas do conhecimento. Francisco também citou o trabalho do jesuíta e paleontólogo Pierre Teilhard de Chardin, que buscou integrar ciência e fé, mesmo enfrentando resistência.

Estátua do Papa João Paulo 2º no hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli, onde Francisco está internado. Foto: Tiziana Fabi/AFP

Em referência à encíclica “Laudato Si’”, Francisco reforçou que a ideia de “criação contínua” precisa ser revisitada e destacou que apostar na desregulamentação utilitária e no neoliberalismo significa reforçar um sistema que exclui e oprime. O papa também lamentou o enfraquecimento da governança global e criticou a irrelevância progressiva das organizações internacionais, prejudicadas por interesses particulares e nacionalistas.

Retomando a encíclica “Fratelli Tutti”, Francisco reafirmou a necessidade de instituições mundiais mais eficazes, comprometidas com o bem comum, a erradicação da fome e da pobreza e a defesa dos direitos humanos. Segundo ele, é urgente construir um multilateralismo que não dependa de interesses políticos de ocasião, mas que tenha uma base sólida e estável.

Ao encerrar sua mensagem, o Papa Francisco confiou os trabalhos da academia à intercessão de Maria, pedindo que ela guie a humanidade na busca por “um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1).

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Last Update: 04/03/2025