O governo da província de Guangdong, no sul da China, lançou uma iniciativa para oferecer aulas de Inteligência Artificial (IA) gratuitamente para trabalhadores locais, com o objetivo de capacitar a população para os desafios tecnológicos futuros.
A proposta visa proporcionar a trabalhadores como Duan Zhijun, entregador de Shenzhen, e outros membros da comunidade de Zhangge, a oportunidade de melhorar suas habilidades em um mundo cada vez mais dependente da tecnologia.
A escola noturna de IA, que oferece cursos desde o uso de ferramentas para o trabalho até a criação de conteúdos como vídeos curtos e escrita assistida por IA, está se tornando um ponto de referência para a formação contínua de profissionais de diversos setores.
Aulas sobre simulação de voo de drones, inteligência artificial aplicada à parentalidade, e soluções de recursos humanos também fazem parte da oferta. Além de metrópoles como Shenzhen, o modelo de escolas noturnas de IA já está sendo adotado em condados e cidades de menor porte na China.
Durante o Mobile World Congress (MWC), realizado em Barcelona, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, destacou a importância da medida, enfatizando que, com o tamanho do mercado chinês, as grandes empresas de tecnologia deveriam contribuir para o desenvolvimento local.
A ideia de expandir a educação em IA não se limita ao aprendizado técnico, mas também busca promover a criatividade e preparar as comunidades para os desafios do futuro digital, de acordo com Zhang Yi, CEO do iiMedia Research Institute.
A proposta está ganhando força, mas os especialistas alertam sobre os desafios de manter o ritmo de crescimento e garantir que a qualidade dos cursos seja compatível com as necessidades de um mercado em transformação. Zhang Yi observa que, apesar da aceleração do aprendizado em IA, será necessário implementar regulamentações adequadas para garantir que os benefícios da educação em IA sejam maximizados.
A crescente procura por cursos de IA é um reflexo da necessidade de adaptação aos novos tempos, como relatado por Duan Zhijun, que vê as tecnologias emergentes, como drones e carros não tripulados, transformando seu setor. Ele destacou que, caso não aprenda a usar essas novas ferramentas, corre o risco de ficar para trás.
Gao Xuehong, que trabalha na Foxconn e também participa das aulas de IA, compartilha a mesma perspectiva e considera que as habilidades adquiridas nas aulas não apenas aumentam suas competências, mas também a mantêm atualizada em um mercado de trabalho em constante evolução.
Gao compartilhou sua experiência com outras mães de seu grupo de bate-papo online, incentivando-as a participar dos cursos. Algumas delas já estão produzindo vídeos curtos e aprendendo a gerenciar contas em plataformas digitais, com o objetivo de monetizar seu conteúdo.
“Depois de descobrir o quão útil o curso é, compartilhei-o no bate-papo do nosso grupo de mães e em um grupo comunitário de mulheres”, disse Gao, ressaltando a importância de criar uma rede de apoio mútuo.
A escola noturna de IA em Shenzhen, que começou em dezembro de 2024, já realizou 18 sessões com a participação de quase mil alunos. Aproximadamente 82% dos participantes estão empregados, 10% estão desempregados e 8% pertencem ao grupo de emprego flexível.
Segundo autoridades do distrito de Longhua, onde a iniciativa é implementada, a escola tem sido um fator importante para aumentar a renda e facilitar a reintegração de trabalhadores no mercado de trabalho.
As salas de estudo de IA também estão se tornando um modelo emergente em diversas partes do país. Essas instalações são projetadas para fornecer aos cidadãos o acesso a ferramentas e aplicativos de IA, facilitando o aprendizado em um ambiente mais acessível.
Liu Mengxin, que administra uma sala de estudo no distrito de Guangming, em Shenzhen, observa que, além das aulas convencionais de uso de IA, também são oferecidas aulas de arte gerada por IA, especialmente voltadas para alunos do ensino fundamental.
Em áreas rurais, o modelo de salas de estudo de IA também está ganhando popularidade, com algumas instalações funcionando como centros de tutoria após o horário escolar. Por exemplo, em Yuanjiang, na província de Hunan, uma sala de estudo de IA opera perto da Zhengtong Primary School, atendendo tanto a crianças quanto a adultos que buscam aprimorar suas habilidades.
Zhang Yi alertou, no entanto, para a necessidade de supervisão adequada sobre as instituições que oferecem essas aulas, especialmente em áreas com menor regulamentação.
Com a educação em IA ainda em seus estágios iniciais, é fundamental garantir que as informações sobre a qualidade dos programas sejam claras tanto para os provedores quanto para os consumidores.
Os reguladores de mercado têm um papel essencial em garantir que a empolgação em torno da IA se traduza em uma tendência positiva e duradoura.
A crescente adesão ao aprendizado de IA nas escolas noturnas e salas de estudo reflete um movimento mais amplo de adaptação tecnológica na China, com o governo e a população se preparando para os desafios do futuro digital.
No entanto, a sustentabilidade dessa revolução educacional dependerá da capacidade do país de equilibrar a inovação com uma estrutura regulatória que garanta a qualidade e a acessibilidade dos cursos.