
Em sua coluna no jornal O Globo, publicada neste domingo (2), o jornalista Elio Gaspari defendeu uma separação da trama golpista liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O texto, defendido por Moisés Mendes como um “malabarismo”, visa jogar a opinião pública contra o julgamento dos militares e, quem sabe, atrasar o julgamento da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Leia trechos do texto de Gaspari com o título “Uma girafa no Supremo”.
Boa parte deste ano será consumida pelo julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), do plano de golpe de 2022/2023. O inquérito está na mesa do ministro Alexandre de Moraes a partir de um critério que colocou o golpe no mesmo processo do 8 de Janeiro.
Entende-se que as invasões do Planalto, do STF e do Congresso foram parte de um plano golpista gestado meses antes. Os delinquentes de janeiro queriam a mesma coisa que os planejadores de um golpe logo depois da eleição de Lula, em novembro. É a velha questão: quem vem antes, o ovo ou a galinha? O planejamento do golpe seria a nascente e o 8 de Janeiro, a foz.
[…]O 8 de Janeiro, chamado de Festa da Selma, previa as invasões e um caos. Assim, estaria feita a omelete que levaria à decretação de medidas excepcionais como o Estado de Defesa ou um decreto de Garantia da Lei e da Ordem, dando poder a militares.
[…]
O inquérito do 8 de Janeiro documenta fatos que aconteceram. Os documentos da trama golpista revelam que os planos existiram e não foram adiante. As duas coisas podiam ter o mesmo objetivo, ainda assim, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
O procurador-geral, Paulo Gonet, afirmou que Bolsonaro recebeu o projeto do Punhal Verde-Amarelo e com ele “anuiu”. Só com a oitiva de testemunhas será possível avaliar o peso desse “anuiu”.
A defesa de Bolsonaro entrou em campo com a firmeza dos suicidas, pedindo o impedimento dos juízes Flávio Dino (ministro da Justiça de Lula) e Cristiano Zanin (advogado de Lula nos processos de Curitiba). Pura cenografia.
Colocando-se a trama golpista de 2022 no mesmo processo do 8 de Janeiro de 2023, esticaram-se as pernas e o pescoço do bicho, encolhendo-lhe a cabeça. Ficou bonito, até elegante, mas é uma girafa.
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