Bolsonaristas durante o ataque de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mais um tentou invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal, na semana que passou, proferindo ameaças contra ministros da corte. Investigação da Polícia Civil indica que ele “planejava ações extremistas” e, em sua casa, foi encontrado material para uma bomba. Enquanto os líderes da tentativa de golpe de 2022/2023 não forem punidos, a mensagem é de incentivo a esse tipo de coisa. Imagine, então, se uma anistia passa?

O que pode ativar gatilhos de pessoas comuns, como o homem citado acima, eletricista e mecânico em Samambaia (DF), dando um sentido para a sua loucura. Ou sua existência.

Ao detonar bombas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e depois se explodir na frente do Supremo Tribunal Federal, em 13 de novembro do ano passado, Francisco Wanderley Luiz, vulgo “Tiu França”, um chaveiro catarinense, candidato derrotado à Câmara dos Vereadores de Rio do Sul (SC) pelo PL, mostrou o que acontece quando punições rigorosas não são dadas a quem tenta derrubar a democracia.

Já, em 29 de dezembro, o corretor de imóveis Lucas Ribeiro Leitão, de Fortaleza, foi preso após ser detido a caminho de Brasília por equipes da Divisão de Proteção e Combate ao Extremismo Violento da Polícia Civil do DF. Ele confessou que planejava um ataque à capital federal.

E, um dia antes, o advogado Fabrízio Domingues Ferreira ameaçou explodir as sedes da Polícia Militar e da Polícia Federal no Distrito Federal, e disse que já estaria com as bombas. A PM não encontrou explosivos com ele e apontou que estava em surto psicótico.

Como já disse aqui, do ponto de vista prático, pouco importa se os envolvidos tinham problemas mentais ou se estavam profundamente perturbados. Esse tipo de atentado contra as sedes de instituições públicas não eram uma preocupação do país. Eles foram inspirados por aqueles que arquitetaram o golpe em 2022 e permaneceram sem punição.

A esses planos, outros podem ser incluídos, como a bomba colocada em um caminhão de combustível para explodir o aeroporto de Brasília na véspera de Natal de 2022. Os envolvidos queriam que as centenas de mortes decorrentes do ato terrorista abrissem caminho para a intervenção das Forças Armadas.

Atentados não foram planejados apenas por civis. O “Punhal Verde e Amarelo” previa o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes por integrantes das forças especiais do Exército e quase teve sucesso.

Desde fevereiro do ano passado, Jair Bolsonaro tem pautado o tema da anistia aos “pobres coitados do 8 de janeiro”. Usando a solidariedade aos seus seguidores como justificativa, defende, na prática, um projeto de lei que pode vir a beneficiá-lo. Tenta convencer que o melhor é um arranjo para não punir ninguém pelos crimes cometidos a fim de “pacificar” o país.

Tal como a impunidade do golpe de 1964 levou a um naco dos militares a se aliar em nome de um golpe sob o bolsonarismo, a anistia sobre aqueles que atentaram contra o Estado democrático de direito há dois anos vai continuar gerando uma fábrica de terroristas nas próximas décadas. Cabe às instituições e à sociedade darem um fim nesse explosivo círculo vicioso.

Publicado originalmente no Uol

Conheça as redes sociais do DCM:

⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo

🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 02/03/2025