O economista Michael Pettis, senior fellow não residente do Carnegie Endowment for International Peace e professor de finanças na Peking University’s Guanghua School of Management, faz um contraponto sobre análise publicada pelo autor britânico Dan Hannan no periódico Washington Examiner.

Na publicação, Dan Hannan diz que o comércio livre é um teste de inteligência – segundo Pettis, “você pode ter razão, mas não no sentido em que ele acredita (e, além disso, obteria uma pontuação incorreta)”. Por exemplo, não entendemos o modelo que citamos como fundamental.

Fez a surpreendente afirmação de que “Han passou mais de 200 anos desde que David Ricardo demonstrou, como questão de matemática, que o comércio livre sempre beneficia os participantes mais débeis e mais fortes”.

De acordo com Pettis, “isso simplesmente não é certo, e por razões que deveriam ser bastante óbvias”.

Em primeiro lugar, Ricardo “demonstrou” que, no conjunto adequado de condições, o comércio livre maximiza a produção global, mas nada no modelo de Ricardo sugere que isso beneficie tanto os participantes mais débeis quanto os mais fortes. Seu modelo não diz nada sobre a distribuição desses benefícios.

Em segundo lugar, a venda comparativa não é estática e pode ser alterada pela intervenção comercial ou pela política industrial (e não há uma diferença significativa entre ambos). Na verdade, existe uma vasta história de países que foram forçadas a mudanças em suas vendas comparativas de produção.

Quase todos os países industriais avançados, incluindo o Reino Unido e os Estados Unidos, fizeram exatamente isso, e o último em um feito de maneira importante é a China, com vendas comparativas em veículos elétricos, por exemplo, surgidas recentemente como resultado de políticas comerciais e industriais agressivas.

Isso não é exatamente secreto. Os economistas não anglófonos, por exemplo, especialmente na Ásia e na América Latina, escreveram extensivamente sobre como o “comércio livre” pode deixar os países atrapados em um crescimento abaixo do ideal. Nada em Ricardo sugere, e muito menos “prueba”, que está equivocado.

Mas o erro mais grave de Hanna é que não entende a aritmética que subjaz ao modelo de Ricardo. Para que a venda comparativa ricardiana resulte em uma maior produção total, é necessário que os países se especializem em áreas em que tenham uma venda comparativa de produção e exportem parte deste para importar produtos para aqueles que tenham uma oportunidade comparativa de produção. A venda comparativa existe na troca de bens e não na sua produção. O comércio equilibrado é um supuesto fundamental do modelo de Ricardo.

“Os economistas não são especialmente bons em compreender os requisitos necessários para que seus modelos funcionem, mas é surpreendente que haja tanta compreensão dos requisitos que submetem a um dos modelos mais simples e famosos da economia”, finaliza Pettis.

Veja abaixo a thread original, publicada na rede social X.

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Last Update: 01/03/2025