O debate sobre as influências afro-brasileiras no Carnaval se intensifica à medida que a folia toma conta do país. Nos últimos anos, a discussão ganhou contornos mais agudos, impulsionada pelo aumento dos ataques às religiões de matriz africana.

Para o pesquisador Andrey Mendonça, mestre em Filosofia e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a transformação e modernização do Carnaval são processos naturais, frutos da própria dinâmica cultural e do desejo de torná-lo mais atrativo para diferentes públicos.

“As mudanças nos comportamentos, valores e interesses de cada geração impulsionam a renovação constante da festa, incorporando novos elementos que dialogam com esses anseios”, explica. “Essa capacidade de adaptação é o que torna o Carnaval brasileiro tão singular e, ao mesmo tempo, capaz de agregar influências de múltiplas origens.”

No entanto, Mendonça ressalta que essa renovação não deve significar o abandono das raízes afro-brasileiras da festa. “As tradições de matriz africana são pilares fundamentais do Carnaval. É possível — e até desejável — preservar e fortalecer esse legado, garantindo espaços e iniciativas que valorizem sua importância histórica e cultural”, argumenta.

Para ele, a modernização pode coexistir com o respeito às tradições. “Novos ritmos e formatos de bloco podem surgir, mas isso não deve acontecer em detrimento do valor simbólico e histórico das manifestações tradicionais”, pondera.

O pesquisador destaca ainda o caráter democrático do Carnaval, uma festa aberta a diversas expressões culturais e em constante “metamorfose”. “Sua força está justamente na capacidade de reunir pessoas de todas as origens em torno da música, da dança e da celebração coletiva”, afirma.

“Enquanto abraçamos a modernização, é fundamental honrar as bases históricas do Carnaval, garantindo que a herança afro-brasileira continue viva e significativa para todos que fazem e vivem essa festa”, conclui.

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Last Update: 01/03/2025