“Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822”, disse o ministro Alexandre de Moraes, após os ataques dos Estados Unidos e de Donald Trump contra o ministro por proteger a legislação brasileira.
Em um discurso que abriu a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (27), Moraes defendeu explicitadamente a “soberania do Brasil” e a “independência do Poder Judiciário”. “Pois deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822 e com coragem estamos construindo uma república independente e cada vez melhor”, completou.
A fala foi feita em clara resposta às tentativas do presidente dos EUA contra o juiz brasileiro, com o grupo econômico de tecnologia acionar judicialmente contra o ministro e um Departamento de Estado emitir um tipo de ameaça de “via de mão dupla” contra o Brasil.
Conforme o GGN divulgou aqui, o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado norte-americano citou o Brasil, nesta quarta-feira (26), nas redes sociais: “Respeito pela soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil”.

“Bloquear acesso à informação e impor multas em empresas sediadas nos EUA por se recusar a censurar pessoas vivendo nos EUA é incompatível com valores democráticos, incluindo liberdade de expressão”, continuou o aviso do Departamento do governo Trump.
A mensagem, em uma espécie de ameaça ao governo brasileiro pelo departamento de Estado de Trump, ocorre dias após a própria empresa do presidente dos EUA, a Trump Media & Technology Group, entrar na Justiça do país contra Alexandre de Moraes, ao lado da Rumble.
O ministro do STF ordenou a suspensão da plataforma de vídeo Rumble no Brasil até que a empresa nomeie um representante legal para responder judicialmente à legislação brasileira, acusada de propagar conteúdos ilegais e Fake News.
Na abertura da sessão judiciária da Suprema Corte brasileira, Moraes mostrou que não teme as ameaças e foi apoiado por seus colegas.
O ministro presidente do STF, Luis Roberto Barroso, comentou sobre os defensores do golpe de Estado fracassado pelo governo de Jair Bolsonaro, ainda que sem citar diretamente o ex-presidente.
“A tentativa de fazer prevalecer a narrativa dos que apoiaram o golpe fracassado não haverá de prevalecer entre as pessoas verdadeiramente de bem e democratas. O STF continuará a cumprir seu papel de guardião da constituição e democracia. não tememos a verdade, muito menos a mentira”, disse Barroso.