A desaprovação ao governo Lula avança em importantes colégios eleitorais do Brasil, segundo levantamento da Genial/Quaest, divulgado nesta quarta-feira (26). Em estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás, o percentual dos que rejeitam a atual gestão ultrapassa 60%. No Nordeste, mesmo em redutos tradicionalmente favoráveis ao presidente, o cenário também é desafiador: na Bahia, a aprovação caiu 18 pontos percentuais e, em Pernambuco, a queda foi de 17 pontos, resultando em uma desaprovação numericamente superior à aprovação pela primeira vez na história.

Outro fator preocupante é que a rejeição do presidente Lula está acima do ex-presidente Jair Bolsonaro e a figura de Tarcísio de Freitas numa possível oposição ameaça as chances de reeleição do atual presidente. Confira abaixo:
Rejeição: o que gera o descontentamento
A imagem negativa da econômia do país é um dos fatores que, segundo o levantamento, justificam a avaliação negativa do governo Lula [confira mais abaixo]. Mas não é só. Para o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, a falta de uma direção clara para o país impacta a percepção popular. Em todos os estados pesquisados, a maioria considera que o Brasil está no caminho errado e que Lula deveria mudar a forma como governa nos próximos dois anos.

Rejeição de Lula supera a de Bolsonaro
Esse descontentamento crescente se reflete na rejeição do presidente, que agora supera a de Bolsonaro em importantes estados.
Em São Paulo, por exemplo, Lula é rejeitado por 66% da população, enquanto Bolsonaro tem 53% de rejeição. O mesmo ocorre em Minas Gerais (62% contra 51%), Rio de Janeiro (58% contra 49%), Paraná (68% contra 44%), Rio Grande do Sul (62% contra 51%) e Goiás (67% contra 41%). Jair Bolsonaro só tem a rejeição mais alta que Lula em dois estados do Nordeste: na Bahia (Bolsonaro com 60% contra 39% de Lula) e em Pernambuco (56% contra 40%, respectivamente).

Impacto eleitoral: Tarcísio emerge
Ainda assim, esse desgaste não se traduz, necessariamente, em derrota eleitoral para o presidente. Se a disputa fosse contra Jair Bolsonaro, o cantor sertanejo Gusttavo Lima, o influenciador Pablo Marçal (PRTB), Romeu Zema (governador de Minas Gerais, pelo Novo) ou Ronaldo Caiado (governador de Goiás, pelo União), Lula ainda sairia vitorioso.
Na Bahia e em Pernambuco, por exemplo, ele manteria a mesma vantagem de 2022 no segundo turno, vencendo Bolsonaro por 33 e 26 pontos percentuais de diferença acima de Bolsonaro, respectivamente. No Rio Grande do Sul e no Paraná, a situação é mais desafiadora para o petista, mas, em compensação, seu desempenho melhorou no Rio de Janeiro, equilibrando o cenário. Em São Paulo, a pesquisa mostra um resultado praticamente idêntico ao de 2022, enquanto em Minas Gerais há um empate técnico, com vantagem numérica para Bolsonaro, mas dentro da margem de erro.

O nome que desponta como alternativa viável à oposição é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O levantamento aponta que, em um eventual segundo turno, ele ampliaria a vantagem que Bolsonaro teve sobre Lula em 2022. A grande diferença de votos obtida em São Paulo seria determinante para um eventual revés petista. Caso esse cenário se confirme, a disputa presidencial de 2026 pode ser redefinida pela performance de Tarcísio no maior colégio eleitoral do país.

“Se a rejeição ao governo Lula até aqui não foi capaz de se transformar em dividendos eleitorais para a maioria dos candidatos da oposição, a significativa vantagem que Tarcisio poderia obter em São Paulo pode ser o arranque que ele precisaria para inverter o resultado de 2022”, apontou o cientista político.
“Ou seja, a manutenção da diferença de votos em São Paulo e em Minas Gerais é decisiva para o resultado da eleição de 2026”, completou.
Imagem econômica
A pesquisa mostrou que apesar do crescimento de 3,5% do PIB em 2024, a percepção popular é de piora na economia. Em todos os oito estados pesquisados, a maioria dos entrevistados considera que a situação econômica se deteriorou.
Em São Paulo, por exemplo, 62% dos entrevistados afirmam que a economia piorou no último ano, enquanto na Bahia esse percentual é de 50%. A alta dos preços dos alimentos é apontada como um dos principais fatores para essa sensação negativa.

Mesmo com inflação acumulada de 10% em São Paulo e 5,84% em Salvador, a percepção é praticamente unânime: 95% dos entrevistados nos oito estados dizem que os preços subiram no último mês.

A pesquisa Genial/Quaest entrevistou 1.644 pessoas em São Paulo (margem de erro de 2 pontos percentuais), 1.482 em Minas Gerais (margem de erro de 3), 1.400 no Rio de Janeiro (margem de erro de 3), 1.400 no Rio Grande do Sul (margem de erro de 3), 1.200 na Bahia (margem de erro de 3), e 1.104 no Paraná, Goiás e Pernambuco (margem de erro de 3 em cada estado).
