A inovação muitas vezes exige mais do que criatividade e planejamento. É preciso desconstruir para reconstruir. Essa é a base da teoria da “bicicleta quebrada”, que defende que sistemas, processos ou modelos de negócio precisam ser desmontados antes de serem aprimorados.
Assim como uma bicicleta desmontada pode voltar mais funcional após a manutenção, projetos e estratégias também podem se tornar mais eficazes após uma revisão profunda.
Eduardo Freire, CEO da FWK e criador do Project Thinking, é quem propõe essa reflexão. Com base em sua experiência com equipes e líderes, ele afirma que a gestão da inovação exige coragem para enfrentar momentos de desconstrução.
“Muitas vezes, um sistema ou modelo de negócio precisa ser desmontado antes de ser aprimorado”, explica Freire.
Aplicação prática na gestão de inovação
Freire relata um caso recente em que uma empresa enfrentava dificuldades em um projeto de transformação digital. A equipe, receosa de propor mudanças profundas, estava presa à estrutura inicial do projeto.
Além disso, o medo de desagradar o líder e a hesitação em desmontar o que já estava em andamento impediam o avanço.
Segundo ele, o papel do líder nesses momentos é criar um ambiente seguro para que a equipe possa testar, errar e reconstruir. “Não se trata de sumir, mas de permitir que as pessoas explorem possibilidades sem medo”, explica.
Desmontando para reconstruir
Em outro exemplo, Freire cita um projeto de inovação aberta que envolvia uma grande empresa, pesquisadores e startups. A proposta inicial parecia promissora.
No entanto, na prática, os participantes não estavam alinhados. Sem uma gestão clara, o projeto corria o risco de se tornar apenas um evento de pitches sem resultados concretos.
A solução foi desmontar o programa, reavaliar expectativas e reconstruir um modelo mais sólido. “Se tivéssemos insistido na estrutura original, o projeto teria falhado”, diz Freire.
Inovação no desconforto
Para Freire, a inovação real não segue um caminho linear. Ela ocorre no desconforto, na ausência do líder e na liberdade de testar novas abordagens.
Quando bem estruturado, esse processo permite que a equipe desenvolva autonomia e aprimore ideias.
“Quando você vir sua ‘bicicleta’ sendo desmontada, não veja isso como um problema, mas como uma oportunidade de reconstrução estratégica”, conclui.